Estilo de vida
19/05/2017 às 03:00•2 min de leitura
Quando o assunto é fofoca, a pergunta que define é “quem nunca?”. Se você nos disser que, em nenhum momento da sua vida, contou ou ouviu alguém contando uma fofoquinha básica, você está mentindo descaradamente – então nem tente. Mas, afinal, por que será que temos essa quase necessidade de vez em quando?
Uma pesquisa divulgada pelo Live Science revelou que preferimos fazer fofoquinhas a respeito de quem conhecemos – até aí, convenhamos, nada de muito novo, não é? Além disso, nós gostamos também de espalhar histórias que nos soem interessantes.
A verdade é que algumas pessoas costumam fazer fofocas para melhorar suas relações sociais – é o cara que em vez de “será que chove hoje?” puxa papo com “você ouviu falar que a fulana está se divorciando?”.
A questão é: muitos cientistas estão defendendo a ideia de que fofocar é, de fato, uma boa forma de proporcionar melhorias sociais na vida de uma pessoa. De acordo com essas pesquisas malucas, falar da vida alheia nos faz estreitar laços e estabelecer normas coletivas implícitas.
Fofocas se espalham feito fogo em palha, especialmente entre grupos pequenos, mas ainda não se sabe por que nos sentimos quase que na obrigação de passar aquela “informação quentinha” adiante. De acordo com um dos responsáveis pela pesquisa, Bo Yao, não é surpreendente o fato de que tendemos a falar mais a respeito de pessoas familiares e de histórias interessantes.
Na tentativa de descobrir o que é que faz do ato de fofocar algo tão irresistível, Yao e seus colegas inventaram algumas histórias, sendo que algumas delas eram a respeito de pessoas famosas – como David Beckham e Barack Obama – e outras sobre pessoas desconhecidas.
Em algumas histórias, coisas interessantes e bombásticas aconteciam na vida dos personagens, como ser flagrado com drogas ou brigando em público. Em outras histórias, no entanto, os personagens fizeram coisas sem muita emoção, como ir até a padaria.
Uma história sobre Barack Obama poderia contar uma viagem dele e sua família a Paris, sendo que em um dos cenários ele apenas fez um tour pela cidade e em outro acabou comendo no McDonald’s porque seus filhos fizeram cara feia para a comida francesa.
Os participantes deram notas a cada tipo de história, respeitando uma escala que ia de 1 a 4, no quesito interesse demonstrado a respeito de cada situação e indicando quais delas poderiam ser repassadas na fofoquinha básica de cada dia. Foi assim que os pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a recontar as coisas se os personagens forem conhecidos e se a informação for surpreendente de alguma forma.
A pontuação média que os participantes deram a fofoquinhas envolvendo celebridades foi a de 2,79. Histórias com pessoas desconhecidas ficaram com uma nota média de 1,95. Além disso, os envolvidos afirmaram que preferem espalhar casos chatos sobre pessoas conhecidas do que casos interessantes sobre desconhecidos.
Em um estudo complementar, os pesquisadores pediram para que os voluntários tentassem descrever que tipo de respostas emocionais cada tipo de história transmitia e quão surpreendente era cada “causo”. Além, é claro, de dizer se a opinião a respeito de cada personagem acabava mudando depois de ouvir uma história.
Os resultados mostraram que os indivíduos tendem a espalhar a fofoca se a história é capaz de mudar a opinião que elas têm a respeito de quem está envolvido no boato. Os cientistas suspeitam que isso aconteça porque novas informações a respeito de pessoas conhecidas podem indicar que precisamos reavaliar o que sabemos sobre elas.
Ainda que as fofocas que ouvimos e reproduzimos sobre celebridades sejam um ótimo paralelo para quem estuda esse fenômeno da comunicação e do comportamento humanos, mais pesquisas precisam ser feitas para explicar totalmente por que espalhamos histórias a respeito de amigos, familiares e conhecidos. Qual é o seu palpite?
*Publicado em 21/08/2014
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