Estilo de vida
11/11/2014 às 07:09•4 min de leitura
Você consegue imaginar um mundo onde todas as nações falassem o mesmo idioma? Todo mundo se entenderia, pelo menos na linguagem, e os cursinhos de inglês, espanhol, francês, alemão nem existiriam.
Filmes não precisariam de legendas, não teríamos necessidade de traduções simultâneas em congressos e apresentações, os presidentes dos países podiam conversar de forma mais fácil, assim como pessoas de nações diferentes poderiam fazer amizades com mais facilidade sem a barreira da linguagem. Mas, será que isso tudo seria bom ou ruim?
A diversidade de idiomas é algo fascinante no mundo, muito do que ressalta as tradições e costumes de um povo. Igualar os idiomas talvez não seja uma forma de tirar um pouco a identidade de um país? É possível que sim e muitas das línguas “mães” do mundo já estão desaparecendo, como veremos a seguir.
Pensando em unir o mundo em apenas um idioma no futuro, voltamos ao passado. Será que em algum momento da existência da humanidade, houve uma única linguagem falada por todas as pessoas que habitavam a Terra?
Segundo um artigo de Colleen Cancio, do How Stuff Works, não há nenhuma evidência concreta de uma única língua materna falada pelos seres humanos antigos, embora muitos especialistas citem as semelhanças entre as línguas mais antigas do mundo, incluindo grego, latim e sânscrito, como prova de que as línguas modernas compartilham uma fonte comum.
Sim, elas podem derivar de fontes antigas parecidas, mas nunca uma só (de forma integralmente igual) foi falada por todos. De acordo com Dr. Noam Chomsky, professor de linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, "Toda língua que já existiu é apenas uma modificação de algo que veio antes dela".
Mas e de onde veio cada um dos idiomas existentes na Terra? Bem, ninguém sabe exatamente e, apesar disso, nós sabemos que as pessoas do mundo não têm falado a mesma língua, em qualquer momento da história recente. O número de idiomas existentes no mundo atualmente também é algo difícil de determinar.
Ainda mais contando com o fato de que a partir de qual ponto um dialeto se torna um idioma é também muito difícil de definir. As últimas estimativas giram em torno de um total de 6.909 línguas distintas, mas os linguistas sabem que não é um número tão exato.
Apesar disso, os especialistas concordam em um ponto: há menos línguas hoje do que no passado. Conforme citamos brevemente antes, isso vem acontecendo porque as línguas estão desaparecendo, mas em um ritmo alarmante. Alguns estudiosos preveem que metade das línguas atuais terá desaparecido até o ano de 2100. E isso é daqui muito pouco tempo.
Historicamente falando, pode ter havido mais de 12 mil línguas distintas no mundo há dez mil anos atrás, quando a população mundial era de 5 a 10 milhões de pessoas. Mas, e agora na atualidade? E o futuro da linguagem, como será?
Você acharia que o mundo seria melhor se todos falassem o mesmo idioma ou acredita que perderia um pouco a graça? O fato é que muitos especialistas acreditam que estamos caminhando para isso, especialmente porque a globalização está aproximando a comunicação entre até as comunidades mais distantes possíveis.
Com isso acontecendo, além de suas línguas nativas, as pessoas aprenderiam esse idioma universal que seria falado por todos. Mas essa possibilidade levanta a questão que vamos citar novamente: será que isso é realmente possível e essa língua mundial aceleraria a perda da diversidade linguística?
Segundo o How Stuff Works, quando essa questão é colocada a vários especialistas em linguística, a maioria responde que isso é muito pouco provável ou que não aconteceria nem em um milhão de anos. Os argumentos dados são porque a linguagem é muito intimamente ligada à cultura, família e identidade pessoal.
E não é só isso. De acordo com os estudiosos, o aumento da proeminência de uma língua sobre outra tem muito a ver com mudanças políticas e equilíbrios de poder. Por exemplo, se uma nação ou região, de repente torna-se dominante no mundo dos negócios, isso provavelmente seria um grande incentivo para se comunicar com as pessoas daquele lugar.
Podemos tomar como exemplo a China, que teve um grande crescimento comercial e abertura de negócios nas últimas décadas, o que levou a muitas pessoas desejarem aprender o mandarim a fim de conseguirem melhores oportunidades no futuro. Mas isso não tira a importância da conexão que existe com as suas línguas nativas, pois é a ligação com as suas origens.
O suposto fato de que se todos pudessem se comunicar no mesmo idioma geraria a diminuição de conflitos e ódio entre as nações é algo discutível. Visto que muitos conflitos brutais que presenciamos no mundo acontecem entre nações e regiões que partilham linguagens em comum. Mas, de qualquer forma, ainda existem benefícios quando todos se entendem.
A linguagem carrega com ela toda uma herança de uma nação da humanidade. Quando se aprende um idioma novo, é comum também querer conhecer um pouco mais da cultura de quem fala ele, da gastronomia, da música e da história de determinado lugar.
Tudo isso fornece informações importantes sobre os costumes e as crenças de um povo, as prioridades e a trajetória histórica. Isso tudo ajuda a compreender melhor o idioma estudado e as pessoas do lugar onde ele é falado. E esse aspecto é tão fascinante que talvez seja mesmo algo triste de perder se apenas um idioma fosse falado por todos.
De acordo com o professor de francês Dan Fitzgerald, que conversou com Colleen Cancio, do How Stuff Works, os custos para a humanidade seriam enormes: "grande parte da cultura que existe junto de cada uma dessas línguas também desaparece", explica ele.
Agora vamos imaginar um mundo em que a maioria das pessoas pudesse falar uma língua global, mas ainda teriam a sua língua nativa como uma forma primária de comunicação. A capacidade de se comunicar com pessoas de todo o mundo abriria enormes oportunidades de trabalho, estudo e relações pessoais.
Você deve estar pensando: “mas isso já existe”. Sim, mas não com a maioria da população mundial, sendo apenas porcentagem não tão grande que, por exemplo, usa o inglês em seu dia a dia, mesmo não sendo sua língua nativa. E isso levanta a questão de que idioma nós usaríamos em escala global? O inglês seria um bom candidato?
A maioria dos especialistas concorda que a resposta depende em grande parte de fatores práticos que poderiam ser alterados com as mudanças no poder político e econômico ao longo do tempo.
Teria que haver ainda uma boa razão para todas as pessoas desejarem e se preocuparem de fato para aprender tal língua, pois a aquisição da linguagem é quase sempre impulsionada pela necessidade.
Alguns podem dar o exemplo do esperanto, que foi um idioma criado em 1887 especificamente para ser uma segunda língua comum. No entanto, com apenas dois milhões de falantes em todo o mundo, parece improvável que se torne uma forma viável de comunicação global.
Por outro lado, muitas pessoas concordam que o inglês já é uma língua mundial. Esse idioma é falado em mais de cem países. Mas esse aspecto pode sim mudar em certo momento, devido à mudança demográfica e as prioridades globais.
Mas uma coisa dificilmente vai mudar: as pessoas sempre vão se apegar a sua língua nativa, mesmo se isso conferir ou não alguma vantagem competitiva. É uma questão de origens, de identidade familiar, de raízes com a sua nação, que vão muito além de um método de comunicação.