Seu amor – ou ódio – por pimenta pode revelar muito sobre você

07/03/2019 às 09:012 min de leitura

Há quem diga que a população do mundo possa ser dividida entre aqueles que não suportam temperos picantes e aqueles que amam sentir como se tivessem acabado de esvaziar uma colher de lava em suas bocas. Estudos recentes, no entanto, indicam que sua preferência por aquele molho de pimenta extraforte pode dar indícios não somente de suas inclinações gastronômicas, mas também de questões relacionadas à sua personalidade, cultura e sexo.

Quando você coloca algo picante na boca, a sensação de queimação que você sente é causada pela reação entre um elemento químico presente nas pimentas, a capsaicina, e um receptor de dor chamado TRPV1. Esse componente do nosso organismo é responsável por regular a exposição ao calor e, quando ativado, informa o cérebro que a região está quente demais – ainda que, na realidade, a temperatura não esteja acima do normal.

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Segundo John Hayes, diretor do Centro de Avaliação Sensorial da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA, as pessoas que gostam mais de comidas apimentadas são aquelas menos sensíveis à sensação de queimação. Normalmente, as pessoas tendem a gostar mais de coisas com as quais estão familiarizadas. Dessa forma, quanto mais pimenta você consumir, maior será o nível de capsaicina necessário para que sinta o nível original de ardor.

Aventureiros, gêneros e fogo

No entanto, a preferência por essa sensação parece estar mais ligada a pessoas com um tipo específico de personalidade: os amantes de sensações. Trabalhando em conjunto com a cientista Nadia Byrnes, Hayes descobriu que aqueles que possuem tendências mais fortes a apreciar atividades como exploração, viagens aventurosas e filmes de ação possuem seis vezes mais chances de apreciar uma refeição servida com molhos picantes.

Além disso, em outra ocasião, os dois estudiosos relataram que as mulheres que costumam comer alimentos apimentados gostam mais da sensação de queimação do que os homens que também estão habituados a comidas do tipo. De acordo com os estudiosos, o principal motivo de os “machões” consumirem coisas picantes é o desejo de impressionar quem estiver observando.

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Um estudo distinto conduzido pela Universidade de Grenoble-Alpes, na França, encontrou relações entre os níveis de testosterona em participantes do sexo masculino e a quantidade de molho apimentado que eles adicionaram a uma porção de batatas esmagadas. Segundo a pesquisa, os homens que exageravam mais na pimenta também tinham tendências a assumir comportamentos arriscados e a agir agressivamente.

De pai para filho

Embora esses elementos sejam influenciados por sexo, personalidade e sensibilidade à capsaicina, um estudo realizado pelo pesquisador Paul Rozin na década de 1970 indica que fatores culturais também afetam nossa apreciação por comidas picantes. Na época, o cientista observou os hábitos alimentares de crianças mexicanas e chegou à conclusão de que o consumo de temperos apimentados é um comportamento que aprendemos de outras pessoas.

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“Quando você tem uma cultura na qual todos os alimentos são ardentes, eu suspeito que podemos eliminar qualquer relação entre a ingestão dessas comidas apimentadas e a personalidade de cada um por conta das normas culturais e comportamentos transmitidos entre gerações. Mas não poderemos ter certeza absoluta até testarmos essa teoria”, concluiu Hayes.

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