Estilo de vida
27/02/2018 às 03:00•3 min de leitura
Você já teve interesse em saber o que grandes nomes da ciência, da filosofia e das artes já falaram a respeito das mulheres? Leonid S. Sukhorukov , por exemplo, disse que “Deus fez as mulheres belas. O diabo as fez espertas”; já para Marquês de Custine, “mulheres sem charme são como poetas que não leem” – isso sem contar a afirmação de Pablo Picasso, que disse que “só há duas espécies de mulheres: as deusas e os capachos”.
Essa ideia de que mulheres têm essa função de “embelezar” e tornar a vida dos homens “útil e agradável”, como disse o filósofo Jean-Jacques Rousseau, acaba ficando enraizada nas mentes e, por consequência, nos comportamentos das pessoas, de modo que o machismo é repassado quase como uma herança genética, geração após geração.
Não meça o valor de uma mulher pelas roupas que ela usa
Nesse sentido, o processo de desconstrução é mais do que válido. Quando questionamos alguns conceitos que ouvimos e reproduzimos desde sempre, começamos a perceber que por trás deles há inúmeros casos de misoginia, afinal quem acredita que mulher serve para agradar geralmente se acha no direito de cobrar, exigir e forçar esse “agrado”.
O Mental Floss publicou algumas dicas que eram dadas às mulheres na década de 1950 para que pudessem satisfazer seus maridos. Elas hoje nos parecem absurdas, felizmente, e isso nos faz perguntar: que tipo de comportamento atual vai ser visto como risível e arcaico no futuro? Será que não podemos mudar alguns deles desde já?
Edward Podolsky, em seu livro “How to be a Good Wife”, publicado em 1943, ensina a receita para o casamento dos sonhos: “Não incomode seu marido com problemas insignificantes e reclamações quando ele chegar em casa depois de um dia de trabalho”, dizia ele, que aconselhava também que as mulheres fossem boas ouvintes: “Deixe que ele conte a você sobre os problemas dele; os seus vão parecer bobagem se você comparar”. Que querido.
No livro “Sex Satisfaction and Happy Marriage”, publicado em 1951 pelo reverendo Alfred Henry Tyrer, a importância dos dotes culinários de uma boa esposa foi ressaltada com veemência: “Um chá da tarde, uma matinê, uma estante não são desculpas para não haver jantar pronto quando o marido chega em casa depois de um dia difícil de trabalho”.
Tyrer reforçava sua teoria machista ao dizer que, se a mulher está constantemente preparando refeições indigestas para o esposo, “ela não pode ficar surpresa se o marido frequentemente telefonar do escritório dizendo que não vai chegar em casa na hora do jantar por causa dos negócios”. Porque é claro, né, que não saber cozinhar é justificativa para traição – só que não.
O Dr. William Josephus Robinson não pensava diferente. Ele costumava seguir essa linha de raciocínio em seus discursos sobre a importância de saber cozinhar bem: para ele, uma refeição ruim provoca indigestão e irritabilidade, o que faz com que o casal brigue e, por isso, o homem acabe “procurando na rua o que não tem em casa” – absurdo que ouvimos até hoje. “E quando ela cozinha, ela deve COZINHAR, e não ser, como alguém uma vez disse, uma mera abridora de lata”. Quanta regra, hein!
Imagina o que seria da vida sexual das mulheres de então sem as dicas de Dr. Robinson? Ele dizia que, “assim como um vampiro suga o sangue de suas vítimas enquanto dormem e estão vivas, mulheres vampiras sugam a vida e levam a vitalidade de seu parceiro – ou ‘vítima’ – à exaustão”. Ou seja: nada de ser muito caliente entre quatro paredes.
Mas também não pode ser frígida: “Agora, se você é uma daquelas mulheres frígidas e sexualmente anestesiadas, não faça questão de dizer isso ao seu marido. Para os homens, não faz diferença no prazer que sentem durante o ato se você é ou não é frígida, a não ser que ele saiba que você é frígida. E ele não vai saber a não ser que você conte para ele, e o que ele não sabe não o machuca. Guarde esse conselho. Ele tem salvado milhares de mulheres”.
“Que as roupas íntimas devem estar impecavelmente limpas nem precisa dizer, mas toda mulher deve vestir roupas íntimas da melhor qualidade que ela puder comprar. E a cor deve ser preferencialmente rosa. E rendas e babados, desculpa por dizer, deixam a roupa de baixo mais atraente e são aprovados pelos homens em geral.”
Ele faz tudo, menos cozinhar – é para isso que existem as esposas!
Dr. Robinson dizia que cada mulher deveria decidir o que fazer caso o marido fosse infiel. Ainda assim, ele achava uma boa ideia continuar propagando seus conselhos cheios de sensatez: “Em caso de um ocasional lapso da parte do marido, existe um pequeno conselho que pode ser aceito. E meu conselho seria: perdoe e esqueça. Ou, melhor ainda: faça com que ele acredite que você não sabe. Um ocasional lapso de um caminho direito não significa que ele deixou de amar você”. Que fofo.
E se ainda não está bom o suficiente, temos mais aspas cheias de machismo, agora proferidas pelo renomado eugenista Prof. B.G. Jefferis: “A regra número um: reverencie seu marido. Ele sustenta, a mando de Deus, uma posição de dignidade como líder da família e cabeça da mulher. Qualquer quebra nesta ordem indica um erro na união ou uma digressão de dever”. Que assim não seja.
E você, já tinha pensado na forma opressora como as mulheres eram e continuam sendo vistas e educadas ao longo da História? O que você pensa a respeito? Conte para a gente nos comentários!
*Publicado em 12/08/2015