Ciência
01/12/2015 às 07:50•2 min de leitura
O cérebro humano, sem dúvida, é uma das coisas mais extraordinárias e complexas que podemos conhecer. Recentemente, publicamos aqui no Mega Curioso um artigo que fala sobre a Síndrome de Anton, situação em que a pessoa não acredita que está cega. Essa é uma das incríveis condições que o cérebro pode impor a alguém.
Agora, mesmo com a tecnologia avançada e muitos estudos sobre esse órgão, parece que ainda há muito o que se conhecer sobre ele. Um exemplo disso é o caso de uma mulher alemã de 37 anos, que, segundo o site Oddity Central, está intrigando médicos e cientistas de seu país. Ela era completamente cega e há 14 anos passa por consultas de psicoterapia com o Dr. Bruno Waldvogel, pois sofre de transtorno dissociativo de identidade, também conhecido como múltiplas personalidades.
Até aí, apesar da condição peculiar, nada que não tenha uma explicação. No entanto, a mulher, identificada como B.T., apresentou regressão da cegueira, mas somente em algumas das 10 personalidades que possui. Segundo ela contou ao médico, a sua falta de visão começou gradualmente após um acidente de carro sofrido quando ela tinha 20 anos, portanto três antes de iniciar o tratamento.
Após os primeiros contatos, o Dr. Waldvogel procurou e analisou o histórico médico da paciente. Segundo os médicos responsáveis pelas avaliações anteriores, B.T. sofreu um traumatismo com danos ao crânio e ao cérebro, o que causou a cegueira. Entretanto, os olhos da mulher não continham sinais de lesão.
Diagnosticada com o transtorno de múltiplas personalidades, ela possui pelo menos 10 perfis com nomes, vozes e gêneros diferentes. Alguns deles falam somente em alemão, enquanto outros conversam em inglês, sem contar que podem ser trocados em segundos. Uma dessas personalidades é a de um menino adolescente, e foi essa que, em determinado momento, chamou atenção de Waldvogel.
Depois de quatro anos de tratamento, ao assumir essa personalidade, B.T. conseguiu reconhecer algumas palavras em uma capa de revista. O fato deixou o médico perplexo e, junto com seu colega, o psicólogo Dr. Hans Strasburger, passou questionar se a cegueira era realmente um problema físico ou psicológico. Com isso em mente, os dois passaram a investigar o caso da mulher com novos exames.
Os médicos realizaram um eletroencefalograma para verificar como eram as reações do córtex cerebral a determinados estímulos visuais. Com a análise, eles perceberam que, quando as personalidades que deixavam B.T. em estado de cegueira assumiam, o cérebro não respondia às imagens, porém, nos estados de visão normal, o órgão apresentava a atividade habitual.
Waldvogel e Strasburger então concluíram que o problema da paciente era uma reação do corpo, cortando o que ela poderia ver, em resposta emocional ao acidente. De acordo com o psicólogo, a regressão da condição de cegueira começou após uma sessão de terapia que trabalhou com um evento traumático principal.
O momento em que a mulher voltou a enxergar algumas palavras aconteceu anos após o início da cegueira, e levou certo tempo para que outras personalidades assumidas por B.T. também tivessem a visão de volta. Aos poucos, pequenos objetos e outras palavras foram reconhecidas até que tudo voltasse a ser distinguido por 8 dos 10 perfis apresentados pela paciente. Assim como as personalidades, os estados de visão normal e cegueira também podem se alternar rapidamente.
Os médicos seguem acompanhando o caso da mulher, pois os “perfis cegos” remanescentes podem indicar que há uma possibilidade de recuo no tratamento. “Em situações particulares que são emocionalmente intensas, de forma ocasional ela sente o desejo de ser cega e ‘não precisar ver aquilo’”, afirmou o Dr. Strasburger.
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