Artes/cultura
06/08/2015 às 06:23•2 min de leitura
Todo mundo já ouviu falar da menopausa, não é mesmo? Na verdade, de acordo com o Dr. Drauzio Varella, existe um pouco de confusão sobre o que esse termo designa e, em realidade, menopausa é o nome da última menstruação de uma mulher — que costuma acontecer entre os 45 e 55 anos de idade. Já a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo se chama climatério, embora muita gente se refira a ele como menopausa também.
Essa etapa de transição, como você sabe, muitas vezes é caracterizada por irregularidades na menstruação — como ciclos mais escassos, mais ou menos frequentes e até hemorragias —, ondas de calor, problemas para dormir, e alterações na libido e no humor. Outros sintomas incluem a perda de massa óssea, um aumento no risco de desenvolvimento de doenças cardíacas e variações na pele, unhas e cabelos, que se tornam menos viçosos e quebradiços.
Nem todas as mulheres sofrem com esses sintomas, mas as que padecem com eles podem controlar a situação com a reposição hormonal. Mas, deixando de falar das mulheres e voltando a nossa atenção para os homens, existe um debate entre a comunidade médica a respeito da transição que eles enfrentam na meia idade — e se esse fenômeno seria um caso de menopausa (ou, melhor dizendo, climatério) masculina.
De acordo com Jonathan Wells do portal The Telegraph, a existência do período de transição masculino foi proposta pela primeira vez na década de 40, e ele ficou conhecido pelo nome de andropausa. Mas, como o problema só foi identificado em casos isolados, até recentemente havia muita resistência em aceitar a andropausa como uma condição médica real por falta de evidências científicas.
Entretanto, um estudo recente parece ter apresentado as provas necessárias para atestar a existência da andropausa. Segundo Wells, a pesquisa foi realizada ao longo de 25 anos e envolveu o acompanhamento de quase 2,5 mil homens que tiveram seus níveis de testosterona medidos periodicamente através de vários métodos.
Os resultados apontaram que a queda desse hormônio masculino — que geralmente acontece entre os 40 e 55 anos de idade — provoca sintomas como dores nas juntas, sudorese noturna, insônia, surgimento de problemas cardiovasculares, osteoporose, alterações de humor e diminuição da libido. Eles soam familiares para você?
Segundo Malcolm Carruthers, o médico responsável pelo estudo, o problema em reconhecer a andropausa como sendo um período de transição tão prevalente e previsível como o climatério feminino se encontra nos métodos utilizados para medir os níveis de testosterona dos homens.
Conforme explicou, geralmente a medição é feita por meio de amostras de sangue, e os resultados são comparados apenas entre exames de homens da mesma idade. Por isso, embora os níveis possam ser considerados “normais” com respeito aos níveis de outros indivíduos, esse método não permite identificar se um homem que tinha altas taxas de testosterona quando jovem sofreu reduções drásticas aos 40 ou 50 anos, por exemplo.
De acordo com Wells, 25 mil homens no Reino Unido haviam sido diagnosticados como possivelmente sofrendo de sintomas — comparáveis com os das mulheres — provocados por desequilíbrios hormonais. Contudo, com base no estudo apresentado por Carruthers, é provável que o número de casos suba para perto de 2 milhões, o que significa que 1 em cada 5 homens britânicos estaria passando pela andropausa.
Ainda segundo Wells, a pesquisa revelou que, embora a andropausa não seja tão facilmente identificável como o climatério — afinal, os homens não apresentam os sintomas mais aparentes, ou seja, as irregularidades menstruais! —, a transição masculina existe e mais homens podem se beneficiar de tratamentos para aliviar os sintomas. E o tratamento, assim como acontece com as mulheres, é baseado na simples reposição hormonal.