Artes/cultura
28/04/2018 às 04:00•3 min de leitura
Neste momento, enquanto você lê esta matéria, os seus ossos estão mudando. Só para você ter ideia, a cada 10 anos, em média, a estrutura de cada osso do seu corpo é totalmente substituída. Não é incrível?
Como os nossos ossos são tecidos vivos, eles participam de um contínuo processo de remodelamento dinâmico, produzindo ossos novos e desgastando os velhos.
Produção de ossos novos e desgastamento dos velhos
Ao pensarmos no esqueleto humano, é comum imaginarmos todos os ossos interligados, formando um conjunto único. Porém, existe um osso que é anatomicamente isolado dos outros: é o osso hioide. Localizado na laringe, entre cartilagens, o osso hioide é importante não apenas pela sua estrutura física, mas também pelo papel crucial na evolução humana: o seu desenvolvimento e a sua adaptação na associação com a laringe possibilitaram o grande desenvolvimento da fala humana. Assim, o osso hioide, em parceria com a laringe, trabalha de tal forma que possibilita a articulação de sons complexos.
Osso hioide
Se alguém te perguntasse qual é o osso mais forte do seu corpo, qual você responderia? O fêmur, talvez? Nada disso: o osso mais forte é a mandíbula, também chamada de maxilar inferior. Além de ser o único osso móvel do crânio, ele é capaz de manter os dentes, suportar grandes níveis de estresse e se movimentar repetidamente por toda a vida.
O osso mais forte do seu corpo
Surpreendentemente, a dureza deste osso é maior que a de todos os outros do corpo humano, mostrando a evolução do sistema de acordo com suas funções em nosso organismo.
Você sabe como as células do sangue produzidas nos ossos vão para o sistema circulatório? A nossa medula óssea é preenchida com capilares e vasos sanguíneos, fazendo com que as células migrem por essas cavidades para a nossa corrente sanguínea.
Para que o corpo feminino possa abrigar um bebê durante toda a gestação, o esqueleto precisa se adaptar. Um dos meios encontrados foi o afrouxamento das articulações da pélvis, que é acionado através do hormônio relaxina.
Este hormônio é produzido no sistema reprodutivo humano e tem um grande efeito sobre colo do útero, músculos lisos, ligamentos e articulações.
Evolução da pelve
Porém, a relaxina tem um lado ruim: publicado no Jornal de Medicina e Saúde na Escandinávia, um estudo sobre a ação deste hormônio no tecido muscular esquelético mostrou que as taxas de lesões do ligamento cruzado anterior em atletas aumentam em quatro vezes quando as concentrações de relaxina estão altas.
A pesquisa também encontrou ligações entre a ocorrência dessas lesões e o ciclo menstrual, fazendo com que as mulheres possam se machucar mais na fase ovulatória.
Não precisamos nem repetir todo aquele discurso de como fumar é prejudicial para a sua saúde, não é? Entretanto, a maioria das pessoas só liga o tabagismo a problemas relacionados aos pulmões, mas não pensa no mal que o vício faz aos ossos, por exemplo.
Pesquisas mostram que o hábito de fumar aumenta o risco de osteoporose, já que os ossos acabam sendo privados de cálcio, o que causa uma desnutrição no esqueleto.
Osso normal e com osteoporose
Além disso, o cigarro prejudica os osteoblastos, que são as células que formam novos ossos. A situação piora drasticamente quando um humano fuma durante a infância: a massa será reduzida consideravelmente. Já se alguém fumar após os 30 anos terá a taxa de perda óssea dobrada! Segundo a Organização Mundial de Saúde, um em cada oito casos de fratura de quadril é causado pelo cigarro.
Acredite: o seu esqueleto é parte fundamental do processo de metabolização de açúcares, influenciando também no modo como as gorduras serão quebradas no seu corpo! Quem fez esta importante descoberta foram os pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Columbia.
Através da secreção da osteocalcina, proteína encontrada no osso e na dentina, os nossos ossos conseguem regular os níveis de açúcar no sangue e influenciar diretamente na deposição de gordura. Dessa forma, descobriu-se que o nosso esqueleto tem uma forte influência no nosso ganho ou perda de peso.
O seu esqueleto está diretamente ligado ao metabolismo
Como a osteocalcina aumenta o fluxo de insulina sem que haja uma diminuição na sensibilidade desse hormônio, essa função acaba tendo relação direta com o problema da diabetes tipo 2, que é uma condição crônica que afeta o modo como o nosso corpo processa o açúcar no sangue.
Ou seja: caso o médico descubra que uma pessoa sofre com Diabetes mellitus, é bem possível que os seus níveis de osteocalcina estejam baixos. Segundo Gerard Karsenty, presidente do departamento de Genética e Desenvolvimento da Universidade de Columbia, "a descoberta de que os nossos ossos são responsáveis por regular o açúcar no sangue muda completamente a nossa compreensão da função do esqueleto e revela um aspecto crucial do metabolismo energético".
*Publicado em 22/07/2016