Artes/cultura
17/04/2017 às 11:44•2 min de leitura
E não é que o mundo das maratonas tem rendido situações curiosas? Na semana passada, por exemplo, publicamos o caso da última colocada da Maratona de Rotterdam deste ano, que foi recebida com festa. Hoje, a curiosidade tem a ver com a Maratona de Boston, nos Estados Unidos, a segunda mais antiga da História: a primeira edição aconteceu em 1897, um ano depois da olímpica, disputada em Atenas, na Grécia.
Talvez você não conheça o nome Kathrine Switzer, mas é bem provável que já tenha visto a foto que está no topo desta matéria. Pois então: o registro é da edição de 1967 da Maratona de Boston e mostra o momento em que o diretor do evento, Jock Semple, tenta tirá-la da prova.
A confusão toda aconteceu porque, naquela época, embora não existissem regras escritas sobre isso, apenas homens participavam da competição. Kathrine, que tinha 20 anos, decidiu se inscrever como “K.V. Switzer” e recebeu o seu número de identificação: 261. E lá foi ela, superdecidida a se tornar a primeira mulher a competir na Maratona de Boston oficialmente — 1 ano antes, Bobbi Gibb completou o percurso, mas sem número de inscrição.
Em um documentário produzido pelo canal ESPN, Kathrine conta que o diretor da maratona corria na direção dela dizendo “Saia da minha corrida e me dê esse número”; ela revela que ficou tão assustada e constrangida ao mesmo tempo, que só focou em fugir do alcance dele. A corredora teve o apoio do treinador, que gritava “Deixe-a em paz!”, e do então namorado (em laranja na foto), que barrou o diretor completamente. A partir de então, Kathrine teve seu caminho livre para completar o percurso em 4 horas e 20 minutos, no dia 19 de abril de 1967, e entrar para a História.
Kathrine e seu marido, o também corredor Roger Robinson, recriando a foto icônica (ele imita o então diretor da prova)
Estamos contando essa história toda porque agora, em 2017, aniversário de 50 anos do feito de Kathrine, a organização da Maratona de Boston decidiu homenageá-la “aposentando” o número 261. Isso significa que ninguém mais competirá usando essa combinação. Legal, né? Isso só havia sido feito uma vez ao longo dos 121 anos: foi com o número 61, pelas 61 edições de que Johnny Kelley participou.
Foi só em 1972, cinco anos depois da corrida icônica, que as mulheres foram oficialmente aceitas na Maratona de Boston, mas dá para imaginar que, se não fosse pelo pioneirismo de Kathrine, isso poderia ter demorado ainda mais. Nesse ano, oito mulheres completaram o percurso. Em 1975, ela terminou a prova em segundo lugar, em 2 horas e 51 minutos. Além disso, teve papel crucial para a inclusão da maratona feminina nos Jogos Olímpicos, a partir de 1984.
Para dar continuidade ao que acreditava, a atleta fundou uma comunidade global sem fins lucrativos chamada 261 Fearless (261 Destemidas, em tradução livre), em referência ao número agora eternizado. O intuito é reunir mulheres que encontram na corrida um meio de se fortalecer e enfrentar medos, sejam eles quais forem.
Kathrine, agora com 70 anos, e outras corredoras do grupo participaram da edição de 2017 da Maratona de Boston, que aconteceu hoje (17). Ela concluiu a prova em 4 horas e 44 minutos.
Looking strong! @261Fearless Kathrine Switzer at @bostonmarathon Mile 14.6! Live coverage @cbsboston #wbz pic.twitter.com/l7CnTbgYOd
— Lisa Hughes (@LisaWBZ) 17 de abril de 2017
Se você tiver interesse, pode acompanhar mais da rotina e do trabalho de Kathrine via Twitter, Facebook e website.
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