Artes/cultura
03/06/2016 às 10:44•2 min de leitura
ATENÇÃO: este é um artigo de cunho pessoal e suas informações não representam necessariamente a opinião editorial do Mega Curioso.
O que não falta na internet são teorias da conspiração. Uma das mais comuns aponta a existência de uma “indústria da doença”, na qual empresas do ramo farmacêutico criam enfermidades para logo em seguida lucrar horrores com remédios mais caros que uma Ferrari.
Você pode acreditar nisso se quiser, e também pode achar a maior baboseira da face da Terra — a escolha é só tua. Porém, de uma coisa nós podemos ter certeza: a Gilead Sciences, empresa norte-americana que detém os direitos de vários medicamentos famosos, possui a terceira maior margem de lucro dentre todas as companhias do Vale do Silício.
Em seu portfólio comercial, destaca-se o Tenofovir disoproxil/emtricitabine (vendido como Truvada, nome bem mais fácil de decorar), um comprimido antirretroviral fruto da mistura de duas drogas diferentes, empregado no tratamento e na prevenção da AIDS. É uma bela invenção que tá ajudando muita gente por aí a ficar longe do HIV. Além disso, a Gilead é dona do Oseltamivir — ou Tamiflu —, que é o único remédio realmente eficaz contra o Influenzavírus A. A famosa gripe suína.
A empresa possui os direitos autores de dois remédios vitais
Bacana, né? O mais legal é que, vendendo tantas drogas capazes de salvar a sua vida caso tenha algo de muito errado com o seu corpo, a marca ostenta uma margem de lucro de 55% em cima do custo de fabricação de seus “produtos”.
Ao longo de 2015, a Gilead teve um volume de vendas de US$ 32,6 milhões
Em comparação, a Apple (que todo mundo sabe que cobra mais pelo logotipo nos seus celulares do que pelo seus hardwares em si) tem uma margem de “apenas” 23%. A Gilead só fica atrás da Five Prime Therapeutics (66%), que também é da indústria farmacêutica, e da Rambus (71%), que faz chips de computador.
Essa informação está bem clara na edição 2016 do Silicon Valley 150 (SV150), um rank das empresas de tecnologia de capital público mais lucrativas sediadas na área do Vale do Silício. Ao longo de 2015, a Gilead teve um volume de vendas de US$ 32,6 milhões — um aumento de 31% em relação ao ano anterior) e lucrou mais de US$ 18 milhões.
Por quê? Porque são remédios, ué. Diferente de um celular bacanudo ou de uma peça nova para seu computador, ninguém simplesmente deixa de comprar um remédio por ele estar caro demais. Ou você compra, ou você morre. Tem forma melhor de ganhar dinheiro do que cobrando horrores por um produto que seu consumidor REALMENTE precisa (e não apenas acha que precisa, como dizem os psicólogos que tratam compradores compulsivos)?
Ok, não vale dizer “ sim, com pornografia”.