A evolução do sumô: do ritual xintoísta ao esporte moderno

14/12/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 14/12/2024 às 18:00

O sumô, ícone da cultura japonesa, começou sua trajetória como um ritual sagrado há mais de 1.500 anos, dedicado a agradar os deuses e garantir boas colheitas. Hoje, é um esporte de competição altamente técnico e cercado por uma tradição rica, mas o caminho entre suas raízes espirituais e sua forma contemporânea é repleto de história, curiosidades e transformação.

Processo histórico

A origem do sumô tem base ritualística. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
A origem do sumô tem base ritualística. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

Originalmente, o sumô fazia parte das práticas religiosas xintoístas, sendo um meio de adoração e gratidão aos kami (deuses) pelas colheitas abundantes. Mitologias japonesas narram que a primeira luta de sumô aconteceu entre duas divindades para determinar quem governaria o arquipélago. 

Mais tarde, o esporte ganhou espaço entre os mortais, com relatos históricos apontando a primeira luta registrada em 23 a.C., onde Nomi no Sukune, considerado o “fundador do sumô”, derrotou seu oponente com força letal.

Apesar dessas origens violentas, o sumô evoluiu para um esporte mais organizado e cerimonial. No período Edo (1603–1868), ele se tornou uma prática profissional, realizada para arrecadar fundos para santuários e templos.

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Foi nessa época que o esporte começou a conquistar as massas, deixando de ser exclusividade da nobreza e ganhando popularidade entre o povo. A formalização do sumô incluiu a criação de estábulos de treinamento, os heya, onde os lutadores, chamados rikishi, vivem e treinam até hoje.

No entanto, o sumô quase desapareceu no século 19, com a crescente influência ocidental e as transformações sociais no Japão. Ele foi considerado ultrapassado, mas a iniciativa do imperador Meiji em promover torneios populares resgatou o esporte como símbolo nacional. O sumô foi então abraçado como uma expressão da identidade japonesa, especialmente em tempos de nacionalismo crescente.

Origem espiritual e regras

Jogar sal é uma forma de purificar a arena.
Jogar sal é uma forma de purificar a arena. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

As cerimônias do sumô, por sua vez, continuam a refletir suas raízes espirituais. Antes de cada luta, rituais como o shiko (levantar as pernas e pisar forte) e a purificação do ringue com sal são realizados, simbolizando a proteção contra espíritos malignos e a busca por bênçãos divinas. Dentro do dohyo — um ringue circular de argila — os rikishi se enfrentam sob regras claras: vencer é forçar o adversário para fora do círculo ou fazer com que qualquer parte do corpo dele, além dos pés, toque o chão.

Curiosamente, o sumô não possui categorias de peso, permitindo embates desiguais que testam não só força bruta, mas também agilidade e estratégia. Existem 82 técnicas oficiais de vitória, conhecidas como kimarite, que demonstram a complexidade técnica do esporte. 

Por outro lado, o estilo de vida dos lutadores é igualmente fascinante: eles vivem sob uma disciplina rigorosa, treinando e compartilhando refeições ricas em calorias, como o famoso chanko-nabe, um ensopado nutritivo que sustenta seus corpos robustos.

No século XX, o sumô evoluiu com a fundação da Associação Japonesa de Sumô, a organização de torneios populares e rivalidades que dominaram a mídia. O esporte ganhou notoriedade global por meio de turnês internacionais, mantendo-se símbolo nacional enquanto atrai lutadores estrangeiros ao circuito.

Ao longo dos séculos, o sumô manteve sua essência cerimonial, enquanto se adaptava às mudanças sociais e culturais. É essa combinação de espiritualidade, técnica e espetáculo que continua a atrair milhões de fãs em todo o mundo, consolidando o sumô como muito mais do que um esporte: um verdadeiro patrimônio cultural do Japão.

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