Ciência
15/06/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 19/06/2024 às 17:43
Torneios de futebol de prestígio como a Copa do Mundo têm prêmios valiosos, a classificação de equipes com trajetórias vitoriosas e arenas deslumbrantes. Mas uma competição que acontece todos os anos no Peru vai contra quase todas essas regras — e ainda assim mobiliza o país.
Trata-se da Copa Perú, uma disputa que envolve até equipes que não são profissionais e estádios praticamente sem condições de receber uma partida, mas que virou tradição e pode significar a realização de um sonho para muitos jogadores.
Disputada todos os anos, a Copa Perú é uma competição que envolve cerca de 20 mil equipes participantes do país. A grande maioria dos times não é profissional, mas deseja fazer o salto para outro nível ou sonha com dias melhores.
Isso porque o principal prêmio do torneio não é um cheque. Na Copa Perú, campeão e vice-campeão ganham uma vaga direta para a segunda divisão do país, o equivalente ao Campeonato Brasileiro da Série B. Até 2022, a mudança era ainda mais radical, pois o prêmio era uma vaga direto na elite.
Outras equipes, porém, são formadas por grupos de amigos ou colegas de trabalho, que pagam a inscrição para ter a oportunidade de dizer que já participaram de uma competição oficial do país.
Normalmente, elas sofrem goleadas nas fases mais avançadas ou sequer jogam muitas partidas, mas nenhum participante saia arrependido. E a copa normalmente é palco de situações bizarras, como quando vacas invadiram um campo em 2014 durante uma partida.
Em especial pela quantidade de clubes, o campeonato dura quase o ano todo e não conta com as equipes da elite, o que aumenta o equilíbrio e a imprevisibilidade.
Além disso, ela é dividida em etapas: Distrital, Provincial, Departamental e Nacional — as primeiras só com times vizinhos, a última até com jogos na capital Lima, em canchas mais glamourosas.
A Copa Perú foi criada em 1967 e por muitos anos foi apenas uma grande celebração do futebol local. Isso porque, além da subida de divisão, o objetivo dela era promover o esporte em diferentes regiões do país, em especial para além das cidades mais populosas.
O torneio pode servir também para revelar jogadores, que se destacam e acabam contratados por equipes de elite. Além disso, por mais raro e difícil que seja, os próprios times que vivem o sonho de subir para a segunda divisão podem ser consolidar no cenário nacional.
O Atlético Torino, por exemplo, foi cinco vezes campeão da Copa Perú entre as décadas de 1970 e 1990, mas há quinze anos não sai da segunda divisão.
Já o Real Garcilaso mudou de nome para Cusco FC e segue no topo, enquanto o Binacional, campeão da Copa Perú de 2017, chegou a jogar até a Copa Sul-Americana de 2019.