Estilo de vida
04/08/2022 às 06:30•3 min de leitura
A adoração ao avatar hindu Ganesha, o deus da sabedoria, do intelecto, da fortuna, removedor de obstáculos e provedor de boa sorte; cuja aparência é conhecida por uma cabeça de elefante em um corpo humano –, fez os indianos acreditarem que os elefantes sejam uma encarnação ou representação do deus, tornando-os símbolos sagrados adorados há séculos.
Eles foram adornados com ouro, pedrarias, tapeçarias costuradas com finas linhas, pintados e decorados até com acessórios típicos, como as argolas, durante cerimônias ecumênicas, principalmente em casamentos típicos. Sua presença cultural está totalmente associada à realeza e, consequentemente, ao uso durante guerras.
Não é para menos que a Índia é considerada o berço da doma dos elefantes para serem usados por humanos, começando pela primeira vez por volta do século IV a.C., com a captura de machos selvagens para serem treinados para a guerra.
Os animais se tornaram lendários – e letais – por isso, assim como as técnicas desenvolvidas pelos inimigos para tentar pará-los.
(Fonte: Militaer Wissen/Reprodução)
Muito embora haja toda essa adoração aos elefantes, a verdade por trás das cores durante cerimônias, festivais e festividades indianos, é que, por séculos, os animais são roubados de suas famílias, espancados e tratados como escravos; sendo submetidos a processos para "quebrar o espírito do elefante", cujo objetivo é torná-lo mais submisso à dominação humana. Para isso, eles são presos por mais de 72 horas com hastes de metal e ferramentas afiadas pelos cuidadores, e espancados continuamente. De acordo com uma matéria da BBC, a Índia mantém mais de 4 mil elefantes em cativeiro, principalmente em Assam, Kerala, Rahasthan e Tamil Nadu.
Nos tempos de guerra, essa realidade era ainda pior, visto que não havia tempo o suficiente para esperar que um elefante se desenvolvesse na natureza, portanto, precisavam ser treinados desde cedo para uso. Enquanto isso, os exércitos procuravam pelos elefantes que já haviam atingido a casa dos 60 anos, porque acumulavam inteligência, experiencia e disciplina – valores essenciais durante uma batalha.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Foi assim que o general macedônico Poliperconte, que serviu a Alexandre, o Grande, invadiu a cidade de Megalópolis, em 318 a.C., com um exército de 60 elefantes armados – que foram capturados e usados em batalhas subsequentes quando o general foi derrotado. A prática ficou conhecida como elefantaria, e foi usada para atacar o inimigo, quebrar suas proteções e instaurar o terror devido ao avanço de várias toneladas dos animais, que esmagavam tudo que havia pelo caminho, esbanjando sua resistência contra qualquer tipo de arma.
Durante a Segunda Guerra Púnica, em 218 a.C., um século depois da manobra de Poliperconte, Aníbal fez história com os animais ao marchar com suas tropas pelos Alpes e pela Itália para demonstrar seu poder e força, trazendo definitivamente a imagem do elefante para os campos de batalha.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
A presença cada vez mais contínua dos elefantes em batalhas, fez os líderes militares indianos, gregos e romanos pensarem em uma estratégia para derrubar aqueles animais imbatíveis de modo eficiente.
Uma vez que não havia nada na natureza mais potente e maior que um elefante, os porcos selvagens foram escolhidos, não por sua força ou tamanho, mas pelo potencial em emitir guinchos perturbadores e tão altos que acabavam irritando os elefantes, que ficavam inquietos e começavam a desviar dos propósitos ensinados no campo de batalha. Tal como os persas usando contra os egípcios gatos durante a invasão na Batalha de Pelúsio, os inimigos conseguiram bater de frente com os elefantes.
E para que isso acontecesse, foi necessário o maior caos o possível, então os militares revestiram a parte traseira dos porcos com piche, alcatrão e outra substância altamente inflamável para poder incendiá-los, causando tanta dor que os bichinhos guinchavam desesperadamente enquanto queimavam vivos.
(Fonte: Newstrack English/Reprodução)
A cena era tão horrível quanto assistir à movimentação mortal dos elefantes no campo, recuando e pisando no próprio batalhão, provocando uma carnificina sem igual. Isso aconteceu durante o cerco de Mégara, quando o rei Antígono II Gonatas ordenou que o povo da cidade jogasse petróleo em um punhado de porcos e os incendiasse.
Os porcos foram ostensivamente usados em guerra de várias maneiras, de incendiados a empalados, até que o declínio da elefantaria começasse devido à falta de vantagem militar sobre o inimigo.