Mistérios
03/01/2025 às 15:00•3 min de leituraAtualizado em 03/01/2025 às 15:00
O sistema de justiça busca prezar pela premissa de que todo mundo é "inocente até que se prove o contrário". Infelizmente, nem sempre é isso o que acontece, e há um longo histórico de pessoas punidas de forma injusta.
As razões para isso podem ser várias, como provas insuficientes, falta de habilidade dos advogados de defesa e decisões erradas tomadas pelo júri. A seguir, compartilhamos 4 histórias tristes de pessoas condenadas por crimes que não cometeram.
David Camm é um ex-policial estadual de Indiana que viu sua vida mudar em 28 de setembro de 2000, quando ele encontrou sua esposa e seus dois filhos mortos na garagem. A esposa e a filha haviam sido baleadas na cabeça, e seu filho, no peito.
Em pânico, Camm ligou para seu antigo posto policial para relatar os assassinatos, ao invés de ligar imediatamente para o número da polícia. Essa decisão faria que ele parecesse suspeito. Três dias depois, o homem foi preso e acusado pelos assassinatos de seus familiares, apesar de ele não estar em casa no momento do ataque e de 11 jogadores de basquete terem declarado que Camm estava em um jogo com eles.
No tribunal, várias mulheres alegaram ter tido casos com Camm, e os promotores usaram sua infidelidade à esposa como um possível motivo para os assassinatos. Em 2002, ele foi considerado culpado dos assassinatos e sentenciado a 195 anos de prisão.
Dois anos depois, a condenação foi anulada porque a Suprema Corte de Indiana concluiu que os casos extraconjugais não forneceram evidências suficientes do crime. Em 2005, as autoridades testaram o DNA encontrado em um moletom deixado na cena e o compararam o DNA com Charles Boney, um criminoso condenado que tinha o hábito de roubar sapatos femininos.
Mesmo que fosse o mesmo DNA, isso não serviu para soltar David Camm. Por fim, ele teve um terceiro julgamento em 2013 e foi considerado inocente de todas as acusações após passar 13 longos anos atrás das grades.
Em novembro de 2001, um jornalista chamado Kent Heitholt foi assassinado no estacionamento do lado de fora da redação onde trabalha. Pouco antes, ele havia conversado com um colega de trabalho chamado Michael Boyd. Funcionários do jornal ligaram para o número de emergência e deram uma descrição dos dois homens que estavam perto do seu carro. O caso não foi concluído.
Dois anos depois, um homem chamado Charles Erickson viu a cobertura da imprensa sobre o assassinato. Ele procurou a polícia e declarou que, naquela mesma noite, ele e um amigo chamado Ryan Ferguson estavam festejando na mesma área onde o crime ocorreu. Erickson, contudo, tinha dificuldade em lembrar de tudo o que aconteceu, pois havia consumido drogas e álcool.
Os dois, portanto, poderiam estar envolvidos nesse assassinato, mas Ferguson dizia que não. No entanto, os dois acabaram presos em março de 2004, e Erickson recebeu uma oferta de acordo judicial para testemunhar contra Ferguson, a qual não aceitou.
Não havia provas que os ligassem à cena do crime, e a defesa argumentou contra todas as alegações que Erickson fez no tribunal. Ainda assim, os dois foram considerados culpados de assassinato em segundo grau e sentenciados a 40 anos de prisão.
Em 2012, uma advogada chamada Kathleen Zellner se envolveu com o caso e descobriu que, durante o julgamento, o promotor Kevin Crane havia coagido testemunhas a mentir sobre o envolvimento de Ferguson.
Finalmente, a sua condenação foi anulada depois que ele já tinha cumprido quase um quarto da pena. Ferguson recebeu uma indenização de US$ 38 milhões, e lutou para que Erickson fosse também liberto da prisão, o que ocorreu em janeiro de 2023.
Em fevereiro de 1990, uma garçonete chamada Stacey Stanton foi esfaqueada 16 vezes em seu próprio apartamento. Ela foi encontrada nua, com dois cortes na garganta, e seu peito e região pélvica haviam sido mutilados.
O assassinato foi um choque para a pequena cidade de Manteo, na Carolina do Norte. A polícia local então resolveu ir atrás da última pessoa que havia sido vista com Stacey, um amigo dela chamado Clifton Spencer. Os dois estavam bebendo vodca no apartamento da garçonete. Quando Clifton acordou, resolveu ir dormir na casa de outro amigo.
Como morava na rua e era usuário de drogas, a culpa caiu sobre Spencer, não importando que Stacey estivesse em um relacionamento complicado com um homem chamado Norman Judson “Mike” Brandon Jr., com quem ela havia encontrado mais cedo naquela noite.
A polícia encontrou no apartamento de Stacey as digitais de Spencer e de Brandon. Isso fez com que Clifton Spencer fosse interrogado sem a presença de um advogado e concordado em passar por um teste de polígrafo, no qual supostamente não passou. Por conta disso, ele foi indiciado por acusações de homicídio de primeiro grau e acabou condenado à prisão perpétua em 1991.
Mais de uma década se passou com Spencer preso antes que houvesse uma reviravolta no caso. Havia um pano ensanguentado deixado para trás na cena, e Spencer exigiu que ele fosse submetido a um teste de DNA. Não se descobriu de quem era o sangue, mas isso levou à soltura de Clifton Spencer em 2007. Até hoje não se sabe quem matou Stacey Stanton.