Ciência
13/11/2024 às 21:00•3 min de leituraAtualizado em 13/11/2024 às 21:00
Esta é uma das mais bizarras histórias de culto que você vai ler. Ela fala de um homem chamado Larry Ray que, em 2010, mudou-se para o dormitório de sua filha no Sarah Lawrence College, uma faculdade localizada em Nova York. Ele conseguiu fazer amizade com as colegas de quarto dela, que adoravam ouvir suas histórias.
Só que, em pouco tempo, Larry Ray começou a realizar uma verdadeira lavagem cerebral nas estudantes da faculdade, passando a se tornar uma espécie de um movimento que ficou conhecido como o "culto Sarah Lawrence".
Larry Ray era, na verdade, um golpista. Quando tinha 20 anos, ele começou a trabalhar em Wall Street, apesar de não ter diploma universitário. Ray mentia frequentemente sobre seu histórico para as pessoas. Ao chegar no Sarah Lawrence College, ele difundiu a história de que era um fuzileiro naval. De fato, ele havia servido na Força Aérea no início dos anos 1980 — mas apenas por 19 dias.
Em 1988, Ray se casou com uma mulher chamada Teresa, com quem teve uma filha, Talia. Mas em 2004, Teresa pediu o divórcio. Larry Ray então usou a filha para acusar a ex-mulher de abuso infantil, o que causou muitos problemas na batalha pela custódia da menina.
Anos mais tarde, uma reportagem da New York Magazine traria uma avaliação psicológica de Larry Ray que dizia que “a dinâmica de sua personalidade é tão configurada que ele é capaz de manipular e controlar quase qualquer situação em que se encontre”. Ele, inclusive, tinha condenações anteriores na justiça (incluindo por violência doméstica) e foi solto em 2010.
Como não tinha lugar para ficar, Larry Ray começou a dormir no sofá do dormitório que sua filha Talia dividia com colegas no campus do Sarah Lawrence College. Muito simpático e acolhedor, logo as amigas de Talia começaram a confiar nele para falar sobre qualquer problema que estivessem enfrentando.
Em pouco tempo, Ray já estava controlando todo o apartamento, determinando o que elas comiam, com quem falavam e quando iam para a cama. Mais o mais perturbador é que começou a promover "sessões de terapia" com as estudantes, convencendo-as nesses momentos de que elas haviam sido abusadas quando eram crianças.
O chamado "culto Sarah Lawrence" foi crescendo e se tornando mais perigoso. Ray forçava as vítimas a fazerem trabalhos manuais, para depois alegar que o serviço estava mal feito e que elas deveriam pagar a ele. Uma mulher chamada Claudia Drury foi convencida a trabalhar na prostituição sete dias por semana para pagá-lo de volta. Ela acabou entregando a Ray US$ 2,5 milhões.
Larry Ray mantinha o controle das "seguidoras" por meio da privação de sono e por filmá-las em atos sexuais que mantinham com ele, e cujas filmagens eram usadas posteriormente para fazer chantagem. Ray ainda gravou a si mesmo sendo interrogado pelas vítimas sobre como coisas que nunca haviam acontecido, gerando registros de confissões falsas.
Todo esse "culto" – que envolvia tráfico sexual, extorsão e abuso físico – continuaram por quase uma década. O caso chegou ao fim quando uma mulher chamada Raven, que era amiga de Claudia Drury, descobriu um site que Ray havia criado para chantageá-la. Raven então entrou em contato com um colega da Sarah Lawrence, que denunciou a história para a New York Magazine.
Assim que a matéria foi publicada, Larry Ray foi investigado e finalmente preso em fevereiro de 2020 pelos crimes de conspiração para extorsão, crime violento em auxílio à extorsão, extorsão, tráfico sexual, trabalho forçado, sonegação fiscal e crimes de lavagem de dinheiro. Por fim, ele foi condenado a 60 anos de prisão e exposto publicamente como um monstro.