O que uma manobra intensa no Millennium Falcon faria com seu corpo?

02/01/2015 às 12:013 min de leitura

Ainda falta quase um ano para o novo filme da saga de Guerra nas Estrelas estrear, mas as discussões em torno da produção já começaram. Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força, que tem previsão de estreia para o dia 17 de dezembro de 2015, já está despertando sim os fãs de ficção científica e também levantando questões de física.

Em um artigo do site Wired, escrito por Rhett Allain, o autor discorre sobre o que aconteceria realmente com uma pessoa se ela estivesse dentro da famosa nave Millennium Falcon durante as manobras mostradas nas últimas cenas do teaser/trailer, que foi lançado no início de dezembro de 2014.  Se você ainda não assistiu, confira abaixo antes de prosseguir a leitura:

A Millennium Falcon

Para quem curte a saga, mas não é tão fã assim para saber dos nomes das espaçonaves, vale lembrar que a Millennium Falcon era pilotada pelos personagens Han Solo e por Chewbacca nos primeiros filmes da série.

A nova produção, inclusive, traz de volta Harrison Ford, Carrie Fisher e Mark Hamill (nos mesmos papéis de Han, Princesa Leia e Luke Skywalker), além dos divertidos Anthony Daniels, Kenny Baker e Peter Mayhew de volta como o androide C3PO, o robôzinho R2D2 e o peludo gigante Chewbacca, respectivamente.

Agora, voltando a Millennium Falcon, como você pode conferir nas cenas do rápido trailer, ela faz umas acrobacias incríveis, cruzando com duas naves TIE Fighter. No universo ficcional, fica tudo certo para quem está a bordo, mas o que esse tipo de manobra intensa faria ao corpo humano no mundo real? E qual a intensidade disso?

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Rhett Allain, da Wired, tem analisado a física por trás do novo filme há algumas semanas e, neste último artigo, ele estimou esse movimento de mergulho da nave como sendo de cerca de 54°. Segundo ele, o fator no tempo que leva para a nave estabilizar, tendo velocidade aproximada estimada de 200 m/s, e a aceleração média que puxa para cima após seu mergulho, resultam em um valor de cerca de 12,6 g’s.

Vale ressaltar que esta é apenas uma estimativa que Rhett Allain concluiu com a ajuda de alguns especialistas em física. Segundo o que ele disse, os passageiros da nave poderiam enfrentar um intervalo de cerca de 7 a 18 na escala de força-g.

É importante esclarecer também que a força-g (ou apenas g) é uma unidade de aceleração definida como exatamente 9,806 65 m/s², o que é aproximadamente igual à aceleração devida à gravidade na superfície da Terra. O valor é intermediário, aproximadamente igual à aceleração de queda livre ao nível do mar a uma latitude de cerca de 45,5°.

Essa força está totalmente ligada à vibração e a ressonância dos tecidos dos organismos. Por isso é utilizada aqui para medir a tolerância que um humano real teria num passeio radical com a Millennium Falcon. Por exemplo, quando se alcança uma alta força-g, a vibração e a ressonância chegam a tal ponto no corpo que certos órgãos podem chegar ao extremo de “explodirem”, levando a morte instantânea do indivíduo.

Possibilidades

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Em se tratando do mundo real, uma pessoa normal — que também não é um piloto acostumado a essas forças — poderia suportar um valor de 5 da força-g antes de desmaiar. Isso porque as manobras de altas taxas de força gravitacional puxam o sangue do cérebro, fazendo com que os pilotos percam a consciência.

Porém, em se tratando de ficção, até podemos supor que Han Solo, Chewbacca ou qualquer outro piloto capaz da manobra vista nas cenas poderia suportar um nível 7 da escala da força gravitacional (a menor taxa da estimativa). Mas e a escala superior? Será que alguém realmente poderia chegar a suportar o valor 18?

De acordo com o que concluiu Rhett Allain e seus colegas, tecnicamente sim. Os casos são poucos, e o número de pessoas que sobreviveram é muito pequeno. Porém, surpreendentemente, existem sim casos de pessoas que suportaram a força de 18 g’s  por períodos muito curtos de tempo.

Exemplo

Uma dessas pessoas foi coronel da Força Aérea John Paul Stapp, que você pode observar no GIF abaixo durante o teste em um equipamento “desacelerador humano”, apelidado de Gee Whiz, um tipo de trenó-foguete instalado em terra.

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Stapp era um estudioso dos efeitos das forças de aceleração e desaceleração no organismo humano. Em 1947, quando ele iniciou suas pesquisas, a sabedoria convencional na comunidade aeroespacial considerou que 18 g’s era o limite letal em manobras de alta força.

No entanto, John queria provar que o limite era maior e quis mostrar pessoalmente a capacidade do seu corpo para suportar picos de forças de até 46 g’s. Ele o fez, mas teve algumas consequências no corpo como ossos quebrados e danos permanentes nos olhos. Isso porque o sangue saía muito rapidamente dos seus globos oculares durante a aceleração, indo para trás de sua cabeça, gerando “brancos” na vista.

Durante os testes posteriores, quando enfrentou o reverso e o sangue foi empurrado contra suas retinas, Stapp experimentaria "visões vermelhas" causadas por capilares estourados e hemorragia. Claramente, quando se tratava de força-g, a parte mais vulnerável da anatomia humana eram os olhos.

Com o auxílio de trajes especiais

No artigo de Rhett Allain, ele supõe então que a viagem na Millenium Falcon pudesse ser realizada com trajes especiais. Esses trajes realmente existem e ajudam a impedir que o sangue se acumule nas extremidades inferiores dos pilotos que executam manobras de alta força-g, como aviadores treinados que podem suportar sessões curtas de até 12 g’s  sem desmaiar.

A conclusão de Rhett foi que as manobras aéreas apresentadas no novo trailer de Star Wars poderiam se igualar com as de um piloto de altíssima performance na Terra, mas com um risco de perda de consciência.

Da mesma forma, Rhett ainda especula que se fosse realidade, Han Solo provavelmente desmaiaria, ainda mais porque ele não estaria usando um traje especial. A outra suposição é de que a Millenium Falcon poderia ter uma gravidade artificial ou mesmo porque Han Solo simplesmente pode tudo e nenhuma força-g seria capaz de abatê-lo. Essa última é a versão mais cotada.

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