Ciência
21/06/2016 às 10:28•3 min de leitura
Caso você não saiba, o câncer de cólon é um dos tipos mais comuns e, geralmente, seu surgimento está associado ao consumo de alimentos processados, à falta de exercícios físicos e ao excesso de peso. Em outras palavras, o desenvolvimento da doença está relacionado com os maus hábitos e o estilo de vida da sociedade atual — o que levou os especialistas a concluir que o câncer de cólon era uma enfermidade relativamente recente.
O câncer de cólon não é uma doença tão recente como se pensava
Entretanto, um estudo envolvendo múmias dos séculos 17 e 18 descobertas na Hungria apontou que as pessoas daquela época já padeciam com esse problema de saúde. Os cientistas conduziram análises em tecidos obtidos a partir de 20 corpos encontrados em criptas lacradas, e o mais surpreendente é que os resultados sugerem que o câncer de cólon é anterior aos impactos na saúde provocados pela vida moderna.
O pior é que os cientistas descobriram que outro tipo de câncer também está presente entre nós há mais tempo do que se pensava. Uma múmia egípcia de 2.250 anos submetida a uma tomografia computadorizada revelou que o sujeito havia desenvolvido um câncer de próstata e que uma metástase fez com que a doença se espalhasse para as pernas, os braços, a região lombar e a pelve.
Múmia de um antigo egípcio que faleceu em decorrência de um câncer de próstata
Mas esse não é o caso de câncer de próstata mais antigo de que se tem notícia. Quem leva o título são os restos mortais de 2,7 mil anos encontrados na Rússia e que pertenciam a um antigo monarca do povo cita.
Assim como os cânceres, a obstrução das artérias é um problema de saúde associado com os maus hábitos da vida moderna. Também conhecida pelo nome de aterosclerose, essa doença se caracteriza pela formação de placas de gordura e tecido fibroso nas paredes internas de vasos e artérias, resultando no estreitamento e no enrijecimento das veias.
A aterosclerose toca o terror das artérias não é de hoje!
Isso, por sua vez, pode levar ao surgimento de vários problemas cardiovasculares, além de aumentar o risco de ataques cardíacos e derrames. Para evitar a aterosclerose, os médicos sugerem a restrição de alimentos processados, a adoção de uma dieta rica em proteínas e gorduras insaturadas e a prática de atividades físicas frequentes — o que, no fundo, lembra o estilo de vida de nossos antepassados. Só que não.
Um estudo envolvendo 137 múmias de quatro antigos grupos populacionais — egípcios, peruanos, aleútes e anasazi — apontou que 47 delas (ou o equivalente a 34% dos indivíduos) tinham artérias obstruídas. O pior é que a aterosclerose no passado era tão ruim como a que se vê hoje em dia, sugerindo que a vida que os povos do passado levavam não era tão saudável como se pensava.
Não pense que esquecer instrumentos cirúrgicos no interior de corpos humanos é algo que só começou a acontecer recentemente. Em 2008, um time de cientistas croatas submeteu uma múmia de 2,4 mil anos a uma tomografia e descobriu que um dos sujeitos que participou da mumificação do corpo havia deixado no interior do crânio a ferramenta utilizada para remover o cérebro.
Ferramenta alojada no crânio de uma múmia
Esse tipo de descoberta é incrivelmente raro e existe apenas mais um registro de instrumento semelhante encontrado no corpo de uma múmia. Análises revelaram que a peça em questão — empregada para liquefazer o cérebro — era feita de um material orgânico e tinha por volta de 8 centímetros de comprimento. Na verdade, os cientistas suspeitam que o objeto era apenas a ponta da ferramenta original, que deve ter se quebrado durante a mumificação.
Esse tipo de instrumento era usado para ajudar os mumificadores a liquefazer e remover o cérebro dos cadáveres. O processo envolvia introduzir a ferramenta através de um orifício aberto no osso etmoide, localizado na área da cavidade nasal, e mover esse objeto no interior do crânio de forma a “enrolar” pedaços do cérebro em sua superfície para puxá-los e desfazer os demais fragmentos da massa encefálica.
O método de mumificação que descrevemos acima, envolvendo a remoção do cérebro do defunto, começou a ser adotado por volta de 3,5 mil anos atrás. Antes disso, o órgão costumava ser deixado intacto no interior dos crânios — e é por isso que o caso que vamos contar a seguir é considerado intrigante.
Terra na cabeça
Ao analisar a múmia de 3,2 mil anos de uma mulher, um time de pesquisadores descobriu que, além do cérebro intacto, havia terra dentro da cavidade craniana. Os sedimentos foram identificados durante uma tomografia computadorizada, e os cientistas não fazem ideia do motivo de esse material ter sido introduzido na cabeça da falecida.
Segundo explicaram, essa foi a primeira vez que um punhado de terra foi encontrado no crânio de uma múmia egípcia, e a melhor explicação que os pesquisadores conseguiram encontrar é que os mumificadores podiam estar testando uma nova técnica de preservação dos corpos.