Anti-inflamatórios podem ser o futuro do tratamento para a depressão

30/08/2016 às 09:073 min de leitura

Felizmente estamos falando cada vez mais sobre saúde mental e condições como ansiedade, bipolaridade e depressão – discutindo esses temas, ficamos mais informados e menos preconceituosos. Em termos de depressão, novos estudos apontaram que a doença pode ter relação com o sistema imunológico, que seria capaz de alterar o funcionamento do cérebro.

Atualmente, 350 milhões de pessoas em todo o mundo têm depressão, e a condição ainda não é totalmente compreendida. “Minha depressão é tão ruim que eu não consigo sair da cama, não consigo sair do quarto, eu não consigo descer e ficar com meu parceiro e meus filhos”, disse Hayley Mason em declaração publicada na BBC.

Mason disse ainda que é muito sensível ao som da televisão ligada, aos ruídos e à luz, e que frequentemente tem pensamentos suicidas e autodestrutivos, não conseguindo sair de casa nem dirigir. Nesses casos, o uso de medicamentos e a prática de terapia psicológica costuma ajudar muito.

O papel do sistema imunológico

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Entretanto, nem todos os pacientes com depressão têm melhoras significativas ao realizarem o tratamento, e os motivos ainda não são totalmente claros. Justamente por isso é que novos estudos sobre o tema têm buscado respostas em nosso sistema imunológico.

Um dos grandes nomes nesse campo é o de Ed Bullmore, chefe de psiquiatria na Universidade de Cambridge e responsável por essa nova abordagem. “A história recente está nos dizendo se queremos fazer avanços terapêuticos em uma área que continua a ser extremamente importante em termos de incapacidade e sofrimento, então temos que pensar de forma diferente”, explicou ele.

O foco é basicamente entender como o mau funcionamento do sistema imunológico pode criar uma resposta inflamatória no cérebro, de modo a provocar alterações de humor. Para explicar a relação entre inflamação e humor, Bullmore lembra que as pessoas, quando gripadas, costumam ficar mais tristes e desanimadas: “A depressão e a inflamação muitas vezes andam de mãos dadas”. Ainda que sutilmente, processos inflamatórios provocam mudanças no pensamento.

Fisiologicamente falando

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Em termos biológicos, pode-se dizer que a inflamação é uma resposta do nosso corpo a algum alerta de perigo, de modo a nos preparar para lutar contra ameaças – quando a inflamação é muito grande, no entanto, ela acaba causando alguns estragos. Adivinha só? Aproximadamente um terço de cada paciente com depressão apresenta níveis altos de processos inflamatórios.

Para investigar o assunto com mais propriedade, Bullmore visitou um centro clínico especializado no tratamento de artrite em Glasgow, na Escócia. Por que a artrite? Porque essa doença é geralmente ocasionada pelo próprio sistema imunológico, que ataca as articulações – o tratamento, que inclui o uso de anti-inflamatórios, melhorou também o humor dos pacientes.

“Quando nós fazemos essas terapias, vemos um aumento bastante rápido em uma sensação de bem-estar”, revelou o reumatologista Iain Mclnnes, que acredita que essa melhora pode ter a ver também com o fato de os pacientes se sentirem mais felizes ao ver que estavam melhores em termos de saúde – ainda assim, ele acredita que não é apenas por isso que as alterações de humor aconteciam.

Mudanças

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Mclnnes explica que exames de imagem mostraram que os cérebros de pacientes que receberam tratamento para a artrite reumatoide tiveram mudanças neuroquímicas, e que os circuitos que fazem parte da depressão foram alterados de maneira positiva nesses mesmos pacientes. Uma das explicações para o fato de que as inflamações nos deprimem é porque elas prejudicam a produção de serotonina, que é um neurotransmissor diretamente ligado ao humor.

Há indícios também de que momentos de extrema tristeza, como o que experimentamos quando um ente querido morre, mudam nosso sistema imunológico, de modo que o risco de depressão aumenta com o passar do tempo. Só para você ter ideia, adultos que tiveram experiências traumáticas no início da vida, ainda que nunca tenham ficado deprimidos, têm um sistema imunológico mais ativo, como se estivessem sempre em estado de risco iminente.

A descoberta dessa relação entre processos inflamatórios e depressão pode ajudar médicos a formarem diagnósticos mais precisos, por meio de exames de sangue que verificam o nível de resposta inflamatória do paciente. A partir daí, é bem possível que o tratamento medicamentoso da depressão venha a ser por meio da combinação de antidepressivos com anti-inflamatórios.

A depressão

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Vale lembrar, ainda assim, que a depressão não ocorre da mesma forma e pela mesma razão em todas as pessoas, por isso é fundamental que não apenas o diagnóstico, mas também o tratamento, sejam feitos por um médico especialista no assunto.

Entre os sintomas mais comuns da doença estão: falta de interesse pela realização de atividades prazerosas; a sensação de falta de esperança e desânimo; dificuldades para pegar no sono e/ou acordar; sensação de cansaço e falta de energia; falta ou excesso de vontade de comer; sensação de desprezo por si mesmo; dificuldade de concentração; falar ou agir de modo devagar ou rápido demais; e a presença de crises de ansiedade ou de ataques de pânico. Se esses sintomas descrevem a sua vida de alguma maneira, não deixe de procurar ajuda médica.

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