Conheça a polêmica história por trás do surgimento da ginecologia

08/10/2013 às 05:122 min de leitura

James Marion Sims foi um médico que viveu no século 19 e ficou mundialmente conhecido como o primeiro ginecologista da história, sendo que alguns ainda o consideram o pai da ginecologia. No entanto, médicos e cientistas questionam o seu título devido a seus métodos polêmicos que envolviam escravas e dispensavam anestesias.

Seu legado foi colocado à prova na década de 1970 – época em que os Estados Unidos buscavam a igualdade de direitos raciais e sexuais – justamente por ter sido construído com base em mulheres que serviam como escravas e passaram por inúmeros procedimentos dolorosos para que Sims pudesse desenvolver seus conhecimentos.

Um pouco de história

James Marion Sims. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Nascido em 1813 na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, James Marion Sims passou rapidamente pela escola de medicina e se formou em sua terra natal. O destino fez com que mulheres que sofriam de doenças desencadeadas pelo parto o procurassem e ele passasse a se interessar pelo assunto.

Casos de fístulas vesicovaginais – que é quando surge uma ligação entre a bexiga e a vagina, geralmente causada por um parto inadequado – eram comuns entre as mulheres e causavam muitas dores e desconfortos. O conhecimento desses casos fez com que Sims se sentisse na obrigação de ajudar tais mulheres.

Para tratar suas pacientes, o médico desenvolveu um espéculo – que o permitia visualizar o corpo da mulher com mais facilidade – e criou uma postura adequada para os exames, mas ele ainda precisava de “cobaias” para desenvolver seus estudos e comprovar a eficiência de suas técnicas e teorias.

Métodos e questionamentos

Espéculo desenvolvido por Sims. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Algumas fontes afirmam que o médico comprou mulheres na condição de escravas para que pudesse realizar seus experimentos. Diz-se que ele chegou a operar 10 mulheres, mas apenas 3 delas foram identificadas ao longo da história e atendem pelos nomes de Anarcha, Betsy e Lucy.

Seus registros médicos mostram que Anarcha, por exemplo, foi operada em mais de 30 ocasiões diferentes. Outro ponto passível de discussão é que Sims não utilizava anestesia em seus procedimentos, sendo que os inibidores já vinham sendo utilizados desde o início do século 18.

Mesmo sendo criticado por seus colegas, o médico obteve sucesso em vários procedimentos e, a partir de então, passou a executá-los em mulheres caucasianas que sofriam com os mesmos problemas, desta vez utilizando anestesias.

Pioneirismo e polêmica

Estátua de Sims no Central Park, em Nova York. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

O primeiro médico a questionar os métodos utilizados pelo ginecologista foi o Dr. Graham Barker-Benfield, historiador da Trinity College, na Irlanda, que em 1974 escreveu que os experimentos de Sims “resistiram por anos de uma agonia quase inimaginável”.

Atualmente, a comunidade médica tende a aceitar o ponto de vista assumido por Dr. Mengele e outros médicos renomados que acreditam que, sem dúvidas, o trabalho de Sims constitui uma fonte de conhecimentos, mas trata-se de uma fonte que carrega um alto preço ético caso alguém utilize suas informações.

Por mais que o legado do Dr. James Marion Sims seja controverso e apresente vários pontos a serem criticados, não há como negar que seus estudos foram de fundamental importância para o desenvolvimento da medicina. Depois de sua morte, o profissional foi reconhecido por alguns como um pioneiro nessa área de estudo e estátuas foram levantadas em sua homenagem.

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