Ciência
08/10/2014 às 09:04•3 min de leitura
Já não é nem um pouco agradável pensar em uma cobra rastejando e mostrando a sua linguinha apavorante. Muito menos ainda pensar na picada de uma delas. Além de assustadoras para a maioria das pessoas, as mordidas de cobras podem causar ainda, em um reduzido número de casos, sintomas muito incomuns e graves.
De acordo com o Live Science, os raros efeitos de picadas de cobra venenosa foram relatados pelos pesquisadores ao longo dos anos, registrando reações estranhas e bastante diferentes, que vão além da dor inicial do bote e de outros efeitos do veneno.
Atualmente, existem mais de três mil espécies de cobras no mundo, sendo que 600 delas são venenosas e outras 200 são consideradas potencialmente prejudiciais para as pessoas, porque seu veneno pode causar problemas de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde.
A OMS também lista picadas de cobra como uma de suas 17 "doenças tropicais negligenciadas", que são condições que causam um número significativo de doenças e mortes, mas geralmente recebem menos atenção das pessoas nos países desenvolvidos. Abaixo você poderá conferir uma amostra de algumas das reações mais raras de picadas de cobra.
Um homem na Ásia sofreu um efeito bastante incomum após uma picada de uma víbora em seu pé direito.
De acordo com o relatório publicado na edição de setembro da revista Wilderness and Environmental Medicine, este paciente, de 60 anos de idade, foi internado em um hospital rural da Coreia após a picada da serpente, que aconteceu enquanto ele colhia frutas em um pomar.
Segundo as informações do relatório, ele recebeu o soro antiofídico umas duas horas depois de ter sido mordido, mas no terceiro dia após a picada, seu pé inchou muito e a dor da mordida piorou.
O que aconteceu foi que a capacidade de seu sangue a coagular foi prejudicada em uma condição chamada coagulopatia e os médicos não conseguiram revertê-la, mesmo que administrassem doses adicionais do soro. No dia seguinte, o homem relatou dor abdominal grave.
Logo então os médicos descobriram que o baço tinha rompido e eles disseram que os problemas de coagulação do sangue tinham provavelmente causado esse dano. "Seu sangramento foi tão grave que o baço rompeu", disse ao Live Science Dr. Scott Weinstein, um toxicologista da Austrália, que não esteve envolvido no estudo de caso.
A solução encontrada pelos médicos foi a remoção completa do baço, o que fez com que o homem melhorasse, obtendo alta em boas condições de saúde 20 dias após a internação.
A víbora de Russel é uma das serpentes mais venenosas do mundo e, em alguns casos, as suas picadas podem causar sangramento na glândula pituitária. Isso danifica o órgão e pode impedi-lo de exercer a sua função básica, a produção de hormônios, incluindo aqueles que regulam as funções sexuais.
Em um relatório publicado em outubro de 1987 na revista The Lancet, os pesquisadores examinaram 33 casos de pacientes picados por víboras de Russell.
Como se já não bastasse o susto e a dor da picada (além de outros efeitos), alguns desses pacientes desenvolveram alterações hormonais graves, o que resultou na diminuição da libido, perda de pelos pubianos e nas axilas, problemas de ereção nos homens e períodos menstruais irregulares, escassos ou ausentes nas mulheres.
Este efeito secundário raro pode resultar de picadas de apenas algumas populações específicas de víbora de Russell, que vivem em quatro ou cinco pontos da Ásia. A má notícia é que o dano do veneno não pode ser revertido. Quando as pessoas desenvolvem essa reação, elas precisam receber tratamentos hormonais para o resto de suas vidas ou os sintomas irão persistir.
Imagine ser picado por uma cobra hoje e os efeitos aparecerem somente daqui a quarenta ou cinquenta anos? Sorte, azar ou algo um tanto esquisito? Pois isso aconteceu com uma mulher na Malásia. Ela foi picada por uma cobra venenosa na perna esquerda quando tinha apenas 14 anos de idade, mas, quando estava na casa dos 50 anos é que foi aparecer um inchaço incomum no local.
Ela desenvolveu uma grande massa em sua perna, que era indolor, mas se tornou muito grande e incômoda. Quando os médicos radiografaram a massa, eles encontraram o que parecia ser uma cavidade alargada envolta em uma membrana resistente e calcificada, mas não mexeram no local.
Cerca de cinco anos depois, a mulher voltou ao hospital com a perna pior e os médicos descobriram que a massa tornou-se infectada e estava rompendo a pele dela. Os médicos então removeram a massa e a ferida cicatrizou completamente um mês após a cirurgia. Um raro caso de veneno de efeito retardado.