Pesquisadores podem ter desvendado a identidade do Homem de Somerton

26/07/2022 às 12:163 min de leitura

"Tamam Shud", que em persa significa “acabou” ou “terminou”, são duas palavras que ecoam há 74 anos nos anais da história popular da cidade de Adelaide, na Austrália, sendo um dos maiores mistérios que o contexto caótico do século XX deixou.

Pertencente ao livro de poesias Rubaiyat, de Omar Khayyam, uma celebração mista sobre melancolia, a vida e sua brevidade, a palavra recortada de uma cópia do livro foi encontrada em 30 de novembro de 1948, no bolso da calça de um homem morto na areia da praia de Somerton, em Adelaide.

Tudo poderia indicar que não passava de um suicídio, principalmente a maneira imperturbável das expressões do homem, mas quando o corpo chegou ao Hospital Royal Adelaide, e foi inspecionado pelo médico John Barley Bennet, uma série de anomalias mudou todo o contexto da investigação.

(Fonte: The Occult Museum/Reprodução)(Fonte: The Occult Museum/Reprodução)

Sem qualquer tipo de identificação, o desconhecido foi chamado pela polícia de O Homem de Somerton, e os anos que embalaram a aura insólita de mistério só criaram perguntas: Por que ele foi morto? Quem o matou? Quem era ele? Por que nenhum familiar jamais entrou em contato? Será que era algum tipo de espião? Será que foi queima de arquivo?

Essa quantidade de perguntas sem respostas diante de um caso extremamente confuso, nunca abandou a consciência popular, tampouco a mente do professor Derek Abbott, da Escola de Engenharia Elétrica e da Universidade de Adelaide – e isso pode ter valido a pena, pois hoje o caso ganhou uma reviravolta inesperada.

A árvore genealógica

(Fonte: Otago Daily Times/Reprodução)(Fonte: Otago Daily Times/Reprodução)

Após décadas se dedicando a desvendar o misterioso caso que assombra a Austrália, Abbott alega que o homem encontrado na praia de Somerton era Carl "Charles" Webb, um engenheiro elétrico e fabricante de instrumentos, nascido em Melbourne, capital costeira de Victoria, a sudeste da Austrália, em meados de 1905.

Com ajuda da genealogista americana Colleen Fitzpatrick, foi feito um sequenciamento de DNA presente no corpo do Homem de Somerton, exumado em maio passado a pedido dos dois pesquisadores e da Forensic Science AS à polícia da Austrália do Sul.

Derek Abbott. (Fonte: The Somerton Man/Reprodução)Derek Abbott. (Fonte: The Somerton Man/Reprodução)

Durante anos, eles usaram fios de cabelo do homem presos em uma máscara de gesso feita pela polícia no final da década de 1940, para poder construir uma complexa árvore genealógica de cerca de 4 mil nomes que levaram a Webb, cuja data da morte ainda não havia sido registrada.

Em entrevista à CNN, Abbott disse que a pesquisa foi tão profunda que sua equipe investigou até casos arquivados que poderiam ser considerados distantes, como o desaparecimento de Amelia Earhart, em 1937, e o acidente do voo 422 da Northwest, no ano em que o homem foi encontrado em Somerton.

Uma resposta, mil perguntas

(Fonte: The Unredacted/Reprodução)(Fonte: The Unredacted/Reprodução)

A investigação encontrou até uma conexão com o nome "T. Keane" impresso na gravata do Homem de Somerton, que pode ter pertencido ao seu cunhado, chamado Thomas Kean, que morava a apenas 20 minutos de carro dele em Victoria.

Abbott também especula que o motivo de Webb estar em Adelaide no dia de sua morte é porque ele se separou de sua esposa e se mudou para a Austrália do Sul, então, possivelmente, ele foi localizá-la.

Em 23 de julho desse ano, a equipe comparou o DNA obtido dos cabelos do cadáver com testes de DNA feito por parentes distantes de Webb através de bancos de dados genealógicos populares, como o Ancestry.com.

(Fonte: ABC/Reprodução)(Fonte: ABC/Reprodução)

Eles encontraram um primo paterno e materno, indicando uma triangulação de duas partes diferentes e totalmente distantes da árvore genealógica, o que é considerado muito convincente. Abbott rastreou e conversou com os parentes vivos, mas todos pertencem a uma geração bem distante de Webb, tanto que nenhum deles o conhecia e não possuíam fotos dele em álbuns de família, nem mesmo os antigos.

Apesar da quantidade de descobertas feita pelo time de pesquisadores, a Polícia da Austrália do Sul e a Science Forense South Austrália ainda não verificaram a pesquisa. E muito embora algumas respostas tenham sido obtidas com os últimos desdobramentos do caso, mais perguntas foram adicionadas ao arquivo sobre o mistério.

Mas como Abbott mesmo deixou claro, a descoberta é apenas o início de tudo, e serviu para mostrar que nenhum caso fica inconclusivo para sempre.

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