Estilo de vida
02/07/2015 às 10:51•1 min de leitura
Em 2009, o surto da H1N1, a temida gripe suína, fez com que os cientistas e especialistas da área médica do mundo todo se juntassem para combatê-la. Entretanto, um grupo de neurocientistas da Universidade de Stanford percebeu um fenômeno muito estranho: naquele ano, o número de pessoas diagnosticadas com narcolepsia – doença que faz com que a pessoa tenha surtos de sono excessivo durante tempo indeterminado – aumentou consideravelmente.
Nisso, eles suspeitaram que a vacina que estava sendo aplicada em massa para acabar com a gripe suína poderia ter alguma relação com isso. Os casos mais graves ocorreram entre os indivíduos que receberam a Pandemrix. Recentemente, esses especialistas concluíram o estudo e o publicaram na Science Translational Medicine.
A Pandemrix e outras similares, como a Focetria, são criadas a partir de duas estirpes do H1N1. O vírus em si contém uma proteína semelhante à estrutura de um receptor de hipocretina – o hormônio responsável por regular o sono e o despertar. Quando uma pessoa sofre de narcolepsia, as células que constroem esse componente são destruídas.
Uma vez que a Focetria e a Pandemrix também possuem essa proteína, os cientistas desconfiaram que os anticorpos que o corpo estava produzindo para combater a gripe também estariam eliminando os receptores de hipocretina, causando assim a narcolepsia.
Depois de testar em 20 pessoas, os pesquisadores confirmaram a teoria. Dezessete dos pacientes que receberam a vacina Pandemrix tiveram uma alta taxa de anticorpos que atacaram os receptores de hipocretina. No entanto, nenhum dos seis indivíduos testados com a Focetria apresentaram o mesmo resultado.
Durante muitas décadas a causa da narcolepsia permaneceu um mistério aos médicos, porém essa descoberta sugere uma nova teoria: na verdade, essa é uma doença autoimune.
As pessoas com predisposição genética, e que recebem a vacina anti-gripe suína, podem gerar anticorpos que conseguem durar meses e até mesmo trespassar a barreira sangue-cérebro. Uma vez alojados na massa cefálica, esses anticorpos podem alterar o ciclo do sono e causar a narcolepsia.