Estilo de vida
01/01/2018 às 05:00•2 min de leitura
A fé — seja em Deus, no sobrenatural ou na existência de entidades celestiais e demoníacas — é um tema que sempre foi debatido pela Ciência. Pois uma dupla de especialistas em neuropsicologia desenvolveu há alguns anos uma série de experimentos focados em desencadear nos participantes experiências relacionadas à percepção de presenças míticas e até espirituais.
O experimento, criado pelos pesquisadores Michael Persinger e Stan Koren, da Université Laurentienne, localizada em Ontário, no Canadá, consiste em fechar voluntários em uma câmara desprovida de estímulos luminosos e sonoros e fazê-los usar um capacete que ficou conhecido pelo nome de “Capacete de Deus”.
O capacete conta com quatro eletrodos de cada lado que geram campos magnéticos de baixa intensidade e com padrões específicos que são direcionados aos lobos temporais de quem o estiver usando. Com isso, os pesquisadores provocam uma interferência na atividade cerebral por meio de pulsos regulares, e o resultado é que eles induzem os participantes a terem experiências transcendentais.
De acordo com os cientistas, quando os participantes do experimento são submetidos aos pulsos, o lobo temporal esquerdo transmite essa interferência ao lobo temporal direito, que, por sua vez, interpreta a perturbação na forma de uma presença — que pode ser sentida e, em alguns casos, inclusive “vista”.
Dependendo de quem está passando pela experiência, as sensações produzidas podem ser traduzidas de diferentes maneiras — como na percepção da presença de anjos, demônios, de entes queridos já falecidos, de Deus etc. Além disso, segundo os cientistas, 80% das pessoas que testaram o capacete — incluindo os participantes ateus — relataram sentir que havia “algo” com elas na câmara. Apenas 20% disseram não ter sentido nada significativo.
O mais curioso é que não é apenas o capacete que provoca as experiências. Conforme explicaram os pesquisadores, campos magnéticos naturais também podem desencadear esse tipo de sensação — como é o caso de chuvas de meteoros, por exemplo —, especialmente em pessoas com predisposição para sentir presenças sobrenaturais.
Basicamente, o que Persinger e Koren fazem durante os experimentos é induzir artificialmente a pessoa que está usando o capacete a acreditar que está na presença de Deus — ou de quem quer que seja. Assim, conforme disseram, as experiências religiosas podem ser explicadas como sendo um “efeito colateral” das atividades dos diferentes hemisférios cerebrais.
Segundo os cientistas, quando o hemisfério direito do cérebro, que se encarrega de processar as emoções, é estimulado, especialmente a região que os cientistas acreditam ser a responsável por controlar a nossa identidade, entra em cena o lado esquerdo, que “abriga” o centro responsável por processar a linguagem. E, para explicar o que está acontecendo, o hemisfério esquerdo cria a sensação de presença, de que existe uma entidade invisível conosco.
Centenas de pessoas passaram pelo experimento e, entre os entes mais populares descritos pelos participantes estão Jesus Cristo, o Profeta Maomé e a Virgem Maria. Mas também existem voluntários que tentam encontrar explicações para a experiência na psicologia, e os que relacionam as presenças com pessoas queridas que já faleceram e até com a abdução ou visitas de seres alienígenas.
Como resultado dos experimentos, Persinger e Koren concluíram que as experiências sobrenaturais — de aparições angelicais a experiências de quase-morte, passando pela interação com seres extraterrestres, episódios paranormais, visões do infinito, padrões luminosos etc. — podem ser explicadas através da interferência na atividade cerebral. E você, caro leitor, o que acha?
*Publicado em 26/1/2016