Artes/cultura
06/07/2015 às 05:02•4 min de leitura
Imagine o cenário: seus amigos chamam você para um happy hour rapidinho, vocês chegam ao tal bar e descobrem que, justo naquele dia, tudo o que você pedir vem em dobro. Papo vai, papo vem, de repente são seis copos vazios de chope bem ali, na sua frente. O riso fica mais solto, você não pensa duas vezes antes de falar (talvez nem pense, de um modo geral) e, de repente, é só a vaga lembrança constrangedora de que alguma coisa além da conta acabou acontecendo.
No outro dia, seus amigos resolvem abrir o jogo e contam que você perdeu a noção, encheu a cara, misturou vodka com cerveja e vinho, fez amizade com estranhos, entrou no banheiro errado e, enfim, perdeu a noção. Que feio, hein! E aí você faz aquela velha promessa de que nunca mais vai beber em toda a sua vida e, enquanto toma vários comprimidos para dor de cabeça, fica se perguntando por que será que a bebida faz isso com o ser humano.
É fato que nos alteramos quando ingerimos alguma bebida alcoólica, principalmente se fazemos isso em excesso. A questão é que, ainda que essa droga seja tida como uma espécie de desinibidora mágica, ela é considerada uma depressora do nosso sistema nervoso central. Lógico que a parte da falta de inibição pode acontecer, mas depois dela vem sempre a boa e velha ressaca, que nada mais é do que os efeitos colaterais da bebedeira.
Alguns estudos recentes têm sugerido que a reação de uma pessoa ao uso excessivo de álcool tem a ver com as questões culturais e sociais que fazem parte da vida dela. Teoricamente, dessa maneira fica mais fácil entender os bêbados depressivos, os sonolentos, os expansivos, os piadistas e por aí vai.
Essa relação entre questões sociais e culturais pode ser facilmente entendida a partir do momento em que se faz uma autoanálise: quem já bebeu em um dia triste, depois do fim de um relacionamento, por exemplo, sabe que a bebedeira possivelmente acaba em depressão; por outro lado, quando a ideia é comemorar um aniversário ou uma promoção no trabalho, o bêbado dificilmente será do tipo depressivo.
O álcool é às vezes também a oportunidade que a pessoa esperava para se soltar, criar coragem de dizer alguma coisa ou tomar uma iniciativa. Nesse sentido, há até a questão do placebo, como sugeriu uma pesquisa de 2003, na qual os participantes receberam água tônica, mas acreditaram que estavam tomando vodka. Em questão de minutos, começaram a agir como se estivessem bêbados.
Ainda assim, cada pessoa tem uma experiência diferente quando bebe, nos fazendo concluir que a reação de cada um depende de seu humor no momento da bebedeira. A seguir, vamos apresentar para você alguns quadros possíveis quando o assunto é enfiar o pé na jaca.
As últimas décadas de estudos sobre o comportamento humano sugerem o modelo da miopia alcoólica, que analisa o fenômeno que nos deixa cada vez mais míopes na medida em que bebemos. Isso acontece porque o álcool prejudica a nossa visão periférica – aquilo que vemos “de canto de olho” – e foca mais no que está à nossa frente. Essas duas alterações visuais podem nos ajudar a determinar os efeitos do álcool em diferentes situações:
Por mais estranho que pareça, alguns cientistas acreditam que é possível prever os efeitos do álcool no corpo de uma pessoa assim que ela começa a beber. Como a droga é desinibidora e nos deixa impulsivos, relaxados e menos seletivos, há pesquisas que sugerem que o álcool tem ações diferentes conforme a personalidade de cada indivíduo e, inclusive, conforme especificações genéticas.
Já está provado que o álcool nos faz ter qualidades e vontades que já tínhamos quando sóbrios – então não é uma questão de mágica, é só uma porta que se abre com mais facilidade. Por causa disso, é possível prever como uma pessoa vai ser quando bêbada com base em sua personalidade sóbria.
E aí, você se reconheceu ou reconheceu alguém nas descrições acima? Na dúvida, o melhor mesmo é beber com moderação e evitar dores de cabeça para você e para os outros.