Artes/cultura
31/08/2015 às 11:25•3 min de leitura
Todos os homens estão sujeitos a sofrer com um problema estético à medida que vão envelhecendo: a calvície. Em casos mais dramáticos, a perda de cabelos se inicia já no fim da adolescência, o que pode se tornar um grande incômodo para alguns. Em compensação, há casos de homens que passam por esta vida sem qualquer perda notável de cabelo. Então, de que forma e por que os homens e algumas mulheres perdem cabelo? Um artigo publicado no site The Independent revelou uma análise e algumas descobertas recentes que podem ajudar a compreender essa situação.
Muito se estuda e se debate sobre esse assunto, inclusive nós já mostramos aqui no Mega Curioso como a testosterona pode influenciar nessa condição. Porém, no artigo assinado pelo diretor de Dermatologia do Hospital de Epworth, Rodney Sinclair, é abordado o processo a partir da genética que caracteriza a condição de calvície e mostra que ficar careca já pode não ser um grande risco se houver um cuidado mínimo. Para entendermos como a calvície acontece, Sinclair explica que há três padrões diferentes de perda de cabelo.
O primeiro deles é a calvície que ocorre a partir da linha anterior do couro cabeludo e que atinge a maioria dos homens. Nesse quadro, surgem as famosas entradas acima da testa, que vão aumentando na direção da parte posterior da cabeça. Nesses casos, a perda de cabelo pode ser suave e só vai causar maiores problemas caso as pessoas possuam a chamada recessão bitemporal, que alia esse quadro ao segundo padrão de calvície (abordado a seguir). Em casos de recessão bitemporal, a perda de cabelo pode ser total com o avançar da idade.
As famosas "entradinhas" indicam a calvície na parte frontal da cabeça
No segundo padrão de perda de cabelo, a calvície começa na coroa, a parte de trás da cabeça, em forma de redemoinho. Aos poucos uma falha circular vai crescendo e o couro cabeludo vai ficando à mostra.
Já a terceira situação que envolve a queda de cabelo é a geral difusa, na qual, geralmente, a perda é notada na parte superior da cabeça e se alastra a partir da região central. Essa condição afeta mais os asiáticos e também é o que marca o padrão de perda de cabelo entre as mulheres. De acordo com o dr. Sinclair, pelo menos 75% das mulheres são afetadas por essa condição à medida que envelhecem.
A coroa se forma com a perda de cabelo em espiral na parte traseira da cabeça
Como a perda ocorre de maneira gradativa a partir de um ponto e em algumas partes da cabeça ela não acontece, constatou-se que há uma área afetada que vai se espalhando de folículo em folículo, sem pular outras áreas. Não há fios de cabelo individuais perdidos sobre a careca.
Tendo em vista essa situação, Sinclair explica que foi especulada a possibilidade de um processo químico que afetaria aos poucos cada folículo, se espalhando por todo o couro cabeludo. Entretanto, não se encontrou qualquer indício químico nas regiões afetadas.
Uma conclusão interessante foi a de que ao transplantar os fios de cabelo localizados no entorno das regiões afetadas para outras partes do corpo, o processo continuou. Os fios implantados diminuíram como se continuassem crescendo no couro cabeludo. Essa análise leva os pesquisadores a crerem que o processo de miniaturização e diminuição dos folículos é uma questão genética e já está programada no DNA dos folículos pilosos.
Além disso, há uma perda de cabelo que antecede a principal, que culmina no início da calvície, mas que pode acabar sendo invisível. Neste padrão, o cabelo vai ficando mais fino antes de a pessoa se tornar calva. E isso ocorre porque no couro cabeludo, os pelos são diferentes dos do resto do corpo, pois um único folículo sustenta de dois a cinco fios de cabelo que crescem como camadas. Dessa forma, no processo inicial, a perda acontece primeiro com as camadas secundárias de fios de um mesmo poro, deixando o cabelo, aparentemente, mais fino. Logo, a calvície só vai aparecer de fato quando as camadas principais de cabelo começarem a cair.
Os estágios da calvície
As mulheres tendem a ser mais observadoras com essa questão, uma vez que se preocupam mais que os homens e possuem fios mais longos que os deles. Já eles, por geralmente possuírem cabelos mais curtos, não notam a perda com facilidade. Dessa forma, o cabelo mais ralo, muitas vezes, só é percebido com uma forte e dolorida queimadura solar. Em alguns casos, o volume dos fios pode ser reduzido em até 50% antes de qualquer calvície notável aparecer.
As análises indicaram que é mesmo a genética o principal fator que influencia a perda de cabelo nos padrões apresentados. O que indica esse fato é que gêmeos idênticos geralmente iniciam a perda de cabelos da mesma forma, no mesmo padrão e na mesma idade. Essa constatação não deixa claro o que realmente influencia esse processo, mas indica fortemente a influência genética. De qualquer forma, as pesquisas continuam para buscar a compreensão do real mecanismo que determina a calvície.
Um ponto interessante dos quadros de perda de cabelo é que, na maioria dos casos, há uma região da cabeça que não fica careca, a traseira, também chamada de couro cabeludo occipital. Como essas regiões parecem não estar programadas para perder cabelo, se os fios forem transplantados para as regiões calvas, eles serão capazes de inverter esse processo, fazendo com que o couro cabeludo segure os fios implantados. Esse processo, atualmente, constitui a base da cirurgia capilar e é utilizado contra a calvície no mundo todo.
O Dr. Rodney Sinclair ressalta que esse procedimento, aliado às novas terapias médicas para a perda de cabelo, faz com que hoje a calvície seja totalmente tratável ou evitável, de forma que só fica careca quem realmente quer.