Por esta você não esperava: Pôncio Pilatos já foi considerado santo!

15/02/2017 às 11:002 min de leitura

Pôncio Pilatos é, sem dúvida, uma das figuras bíblicas mais conhecidas, até mesmo entre aqueles que não são cristãos. O que muita gente não sabe é que ele, aquele que lavou as mãos diante da condenação de Jesus Cristo, permitindo que ele fosse açoitado e crucificado, já foi considerado santo e reverenciado por alguns cristãos.

Prefeito da Judeia entre 26 e 36 a.C., Pôncio Pilatos sempre foi descrito como um político que sentia desprezo pelo povo judeu, principalmente depois de tentar contrabandear efígies do imperador de Jerusalém, atitude desaprovada pelos judeus. Para conter os manifestantes, Pilatos os ameaçou de morte e, quando percebeu que estavam dispostos a morrer sem mudar de ideia, o político acabou voltando atrás e retirou as imagens roubadas.

De acordo com relatos do filósofo Fílon de Alexandria, Pilatos era um político que governava à base de “subornos, insultos, roubos, ofensas, injustiça devassa, execuções sem julgamento e crueldade incessante e dolorosa”, práticas que acabaram, com o passar do tempo, colocando o político em apuros. Afastado do cargo, Pilatos foi chamado a Roma para explicar as denúncias de crueldade excessiva. Nessa época, ficou exilado na França.

Várias interpretações

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Esse mesmo Pilatos é representado de uma maneira diferente na Bíblia, que se refere a ele como um prefeito que não desafiava o povo judeu – ao contrário: ficava até intimidado por ele. O próprio julgamento de Jesus Cristo mostra que Pilatos e Herodes jogam o caso um para o outro e, no final das contas, há ambiguidade na hora de esclarecer quem é o culpado pela morte de Jesus.

A aparente relutância de Pilatos em condenar Jesus foi o ponto de partida para que os primeiros cristãos começassem a tecer histórias mais amenas a respeito do prefeito. Depois de dois séculos da morte de Cristo, as pessoas se referiam a Pilatos como se ele tivesse reconhecido a inocência de Jesus e a sua divindade. De acordo com os escritos de Tertuliano, Pilatos era cristão e tentava converter o imperador Tibério ao cristianismo.

Eusébio, um historiador do século 4 que estudava a Igreja, dizia que Tibério permaneceu pagão, mas estava impressionado com o discurso cristão de Pilatos – tão impressionado que determinou que o senado romano adicionasse Jesus Cristo ao panteão oficial. Além disso, o imperador punia com morte qualquer pessoa que atacasse os cristãos.

Já o sucessor de Tibério, Calígula, que, como você deve lembrar, não era a pessoa mais maleável do mundo, acabou com as políticas de paz do antigo imperador, chegando, inclusive, a dizer que Pilatos deveria cometer suicídio.

Atos de Pilatos

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O Bispo Ireneu de Lyon certa vez relatou que uma igreja de carpocracianos tinha uma imagem de Jesus Cristo pintada pelo próprio Pilatos. Nessa época, circulava um documento chamado “Atos de Pilatos”, que defendia o político como um instrumento de Deus ao permitir que Jesus fosse morto.

O documento mostrava também Pilatos como uma pessoa que respeitava o povo judeu e que, inclusive, tinha certa simpatia pelos judeus que se posicionaram contra a crucificação de Jesus Cristo. Até mesmo Santo Agostinho chegou a se referir a Pilatos como um dos profetas em seus sermões. A leva de boas informações repassadas sobre Pilatos fez com que muitos cristãos o comparassem com Daniel e Abraão, heróis do Antigo Testamento.

A versão bíblica

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Historiadores acreditam que o papel de Pôncio Pilatos na morte de Cristo tenha sido minimizado nos Evangelhos com a intenção de espalhar o cristianismo entre os romanos – assim, Pilatos se tornou o modelo de um romano que se recusou a perseguir cristãos. Dessa forma, os romanos de modo geral se viam como um povo fundamental no plano de salvação divina.

Não se sabe ao certo o que teria acontecido com Pilatos depois de sua demissão. Há quem diga que ele teria se matado. Eusébio, no entanto, acreditava na ideia de que Pilatos teria cometido suicídio por se sentir culpado por participar da morte de Jesus Cristo. A igreja etíope, por outro lado, defendia o ex-prefeito dessas “calúnias” e o canonizou, inclusive, declarando o dia 25 de junho como dia de São Pôncio Pilatos.

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