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04/09/2017 às 04:00•4 min de leitura
É mais do que comum ouvirmos que precisamos de proteína para que nosso corpo funcione de maneira adequada. Essa molécula, de fato, desempenha funções importantes no corpo humano, mas você sabe exatamente de quanta proteína você precisa para viver bem?
A verdade é que a proteína nunca esteve tanto em voga. Entre os frequentadores de academia, os suplementos proteicos em pó fazem o maior sucesso. Se a ideia é perder peso, adivinha só? Dietas à base de proteína estão entre as mais populares. E se o assunto envolve um estilo de vida livre do consumo de carne, o debate gira em torno das outras fontes de proteína – será que são suficientes?
Antes de falarmos de quantidades e fontes, nada melhor que entender bem o que é uma proteína. Basicamente, é uma molécula feita de aminoácidos, que são substâncias que se ligam formando uma corrente – podemos dizer, então, que uma proteína é uma corrente de aminoácidos. A forma como esses aminoácidos se juntam e o comprimento da cadeia que formam são fatores que determinam o tipo de cada proteína.
Já foram descobertos milhares de aminoácidos, mas apenas 22 deles são fundamentais para o funcionamento do corpo humano – nós produzimos 13 desses aminoácidos, sendo que os outros 9 acabamos ingerindo por meio da alimentação.
Aqui, inclusive, fica mais fácil entender por que devemos prestar atenção ao que comemos: é fundamental que nossas fontes de proteína sejam ricas nesses nove aminoácidos que nosso corpo não produz.
A fisiologia do corpo humano é complexa e encantadora, de modo que o funcionamento de cada mecanismo, por mais simples que pareça, não seria possível sem as proteínas. Quando comemos, por exemplo, precisamos de enzimas que nos ajudem a quebrar os alimentos, para que nosso corpo consiga extrair os nutrientes necessários – quem são essas enzimas? Proteínas.
A insulina, que nos auxilia a regular os níveis de açúcar no corpo, também é uma proteína, mas conhecida como “proteína hormonal”. Sabe a hemoglobina, que transporta oxigênio por todo o nosso corpo através do sangue? Ela também é uma proteína. A mioglobina, fundamental para o desenvolvimento muscular, é uma proteína, assim como alguns agentes que atuam em nosso sistema imunológico, que nos protege de infecções e outras doenças. Não está bom ainda? Pois saiba que a saúde dos seus cabelos, das unhas e dos ossos também depende da boa e velha proteína.
Entre os itens alimentares ricos em proteínas, destacamos vários tipos de carnes (frango, peru, peixe, carne vermelha – só não vale apostar em embutidos com frequência, hein!), ovos e leite. Para quem não consome produtos de origem animal, é importante manter uma dieta balanceada e com leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, soja e afins), oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas e sementes), tofu, brócolis e espinafre. Em alguns casos, e sempre com aconselhamento nutricional, é necessário o uso de suplementos.
Em média, uma pessoa adulta precisa ingerir 0,65 g de proteína por kg de peso corporal por dia. Esse valor, no entanto, depende das condições de saúde da pessoa e da frequência com que ela pratica algum tipo de atividade física.
A falta de proteína – uma condição conhecida como hipoproteinemia – indica que a pessoa não ingere a quantidade ideal de proteínas por meio da alimentação ou que seu corpo, por algum motivo, não consegue absorver essa proteína. A falta de absorção de nutrientes está geralmente presente em quem tem doenças ou deficiências intestinais.
Em alguns casos, mesmo com uma dieta balanceada e sem problemas de absorção, as pessoas perdem muita proteína. Os órgãos que mais mandam essa substância embora são os rins, que agem como uma espécie de peneira responsável por filtrar nosso sangue – um problema no mecanismo de filtragem pode fazer com que moléculas de proteína passem pelo filtro e se percam. Outro órgão cujo desempenho está diretamente relacionado ao nível proteico do corpo é o fígado, então qualquer doença que o atinja pode também significar uma perda de valor proteico.
O uso de anticoncepcionais combinados, assim como problemas de insuficiência cardíaca, câncer e gravidez também são fatores comumente relacionados ao baixo armazenamento proteico.
É sempre bom que você monitore sua saúde e visite o médico de tempos em tempos, especialmente se há alguma queixa relacionada à sua saúde e se você tem mais de 40 anos.
De qualquer forma, é possível ficar atento a alguns sintomas que podem indicar baixo índice proteico: inchaços e dores nos pés e nos tornozelos geralmente indicam retenção de líquido, o que pode acontecer devido a doenças renais. Perda de massa muscular, fadiga, cãibras, unhas quebradiças também podem ser um indicativo de pouca proteína.
Em casos de deficiência proteica em decorrência de doenças hepáticas, os sintomas podem incluir inchaço abdominal e retenção de líquido também na região do abdome. Para monitorar a quantidade de proteína no corpo, geralmente os médicos solicitam que o paciente realize exames de sangue e urina.
Voltemos aos rins, esses dois órgãos em formato de feijão que realizam funções absurdamente complexas no corpo humano. Como você sabe, eles filtram sangue, e se o seu sangue está com mais proteína do que deveria, isso pode piorar possíveis problemas renais já existentes ou que ainda nem foram diagnosticados.
A alta concentração proteica no sangue tem muito a ver com o uso abusivo de suplementos proteicos e com dietas que priorizam a proteína e demonizam os carboidratos – são dietas famosas porque prometem a perda rápida de peso, o que até pode acontecer, mas com reganho de peso garantido e prejuízos à saúde.
Quando a proteína passa por esse processo de filtragem, ela geralmente produz ureia como resíduo. A presença de muita proteína pode significar muita ureia na corrente sanguínea, o que deixa o corpo desidratado – a desidratação, por sua vez, sobrecarrega todos os sistemas fisiológicos do corpo humano, o que é sempre um péssimo negócio. Todos nós devemos tomar pelo menos 2 litros de água por dia, e esse cuidado tem de ser redobrado em pessoas que tomam suplementos proteicos.
É preciso também ter apoio profissional adequado para usar esse tipo de suplemento. Além do mais, vale sempre lembrar que esse tipo de produto é um complemento alimentar, ou seja: ele não substitui uma refeição equilibrada. Se a ideia é cuidar da saúde, o bacana mesmo é fazer do jeito certo e buscar ajuda de um profissional da área de nutrição e de um médico endocrinologista ou clínico geral.
*Publicado em 22/12/2015