Artes/cultura
14/11/2013 às 13:58•4 min de leitura
Talvez você já tenha escutado alguém comentar que tatuagens são “coisas” de pessoas novas ou que elas são apenas uma moda passageira. No entanto, os estudos sobre este tipo de modificação corporal mostram que a história não é bem essa — afinal de contas, as famosas tattoos estão circulando pelo mundo há mais de 5 mil anos.
De acordo com diversos estudos realizados sobre o assunto, a tatuagem não tem uma origem específica, já que foram encontrados registros dessa prática em diversas regiões do mundo. No entanto, a sua denominação é proveniente da Polinésia, sendo que o nome é a junção dos termos “ta” e “tatau”. Através do contato com outras culturas, a arte de inserir tinta na pele se espalhou para diferentes regiões do mundo, como o Japão e Europa em geral.
Uma das tatuagens do homem de 5 mil anos. Fonte da imagem: Reprodução/Crystalinks
Para que você tenha uma ideia melhor de como as tatuagens são antigas, os registros mais remotos estão em uma múmia de um homem de 5 mil anos, encontrada no ano de 1991 em um montanha congelada perto da Itália. O corpo apresenta 57 tatuagens, que vão de linhas paralelas nos joelhos até uma cruz na parte interna do braço esquerdo.
Contudo, o homem congelado não é o único ser antigo a apresentar “enfeites”. No Egito, há múmias de mulheres de mais de 4 mil anos com adornos na região do abdômen. Além disso, na década de 40, escavações na fronteira entre China e Rússia encontraram tumbas em que corpos de 2,4 mil anos tinham diferentes tatuagens, principalmente de animais e criaturas mitológicas.
Como a técnica de marcar o corpo era normal em diferentes regiões e permaneceu como um costume por muito tempo, ela já foi utilizada para diferentes fins. Um exemplo é o caso do homem de 5 mil anos atrás: as evidências mostram que os seus desenhos faziam parte de rituais específicos de cura.
Além disso, imperadores romanos fizeram com que as tattoos diferenciassem ladrões e escravos de súditos mais abastados. Já no ano de 787, o papa Adriano I alegou que as tatuagens eram atividades demoníacas e as proibiu — apesar de, séculos depois, elas serem usadas no formato de cruz para protegerem os católicos contra o Islamismo na época das Cruzadas.
Pessoas tatuadas no fim do século 18. Fonte da imagem: Reprodução/psychoticinktattoo
Com o passar dos anos e com a maior atividade de marinheiros, povo circense e outras organizações (principalmente a partir do século 17), vários homens e mulheres começaram a entrar em contato com tatuagens de diferentes locais. Com isso, as famosas tattoos se popularizaram ainda mais, iniciando o processo de “desmitificação” que ainda acontece nos dias de hoje.
Fonte da imagem: Reprodução/Tattoomachineequipment
Caso você ainda não saiba, a tatuagem é um processo de modificação corporal um tanto quanto dolorido, em que o tatuador utiliza uma máquina com agulhas para injetar tinta no seu corpo. Os desenhos são feitos exatamente na segunda camada de pele (a derme), que não sofre renovação celular — e é por isso mesmo que a tinta não sai com o tempo.
O instrumento utilizado (a famosa máquina de tatuagem) não tem um nome específico, sendo que ele é semelhante à broca de um dentista — e não sofreu mudanças muito significativas desde o século 19, quando foi inventado. A agulha se movimenta para cima e para baixo aplicando tinta, sendo que ela pode realizar de 50 até 3 mil “picadas” por minuto.
Os elementos básicos de uma máquina de tatuagem são a agulha esterilizada (que é removível), sistema de tubos que transporta a tinta, motor elétrico que possibilita o funcionamento e um pedal que controla o movimento vertical da agulha.
Assim como a grande maioria das pessoas já sabe, a tatuagem pode ser feita em diferentes estilos de desenhos — que podem ser modificados, misturados ou até mesmo criados do zero de acordo com a vontade da pessoa que vai servir de “tela”. Abaixo, você pode conferir os cinco estilos mais difundidos dentro da cultura da tattoo.
Fonte da imagem: Reprodução/3.bp
Todo mundo que um dia se interessou por tatuagens deve conhecer as Old Schools — também conhecidas como tradicionais ou clássicas. Elas são baseadas nos desenhos feitos pelos antigos marinheiros, de modo que é normal encontrar referências à vida militar ou do mar. Além disso, os traços dessas criações são mais grossos, com predominância das cores primárias e sombras “chapadas”, assim como também são utilizadas apenas duas dimensões.
Fonte da imagem: Reprodução/Thailandtattoocenter
Como o nome já deixa indicado, o New School surgiu para quem deseja ter uma tatuagem bem diferente das clássicas. Por conta disso, os desenhos desse estilo pregam o que é chamado de “mão livre” — ou seja, o tatuador pode deixar a criatividade solta para criar ilustrações de qualquer tipo. Os traços costumam ser mais finos, com diferentes graus de realismos e uma abundância de cores bastante grande, sendo que a referência aos quadrinhos e aos grafites são bem presentes.
Fonte da imagem: Reprodução/Fotodetatuagens
As tribais são tatuagens que podem ser resumidas em silhuetas pretas, com traços que não se fecham e que costumam salientar o membro tatuado, originando desenhos abstratos que podem ou não significar algo — quando significam, costumam representar alguma cultura tribal. Um exemplo bastante comum são as criações Maoris, que eram usadas para definir status, clã e demais características sociais, sendo que animais e símbolos mitológicos eram constantemente retratados de forma também abstrata.
Fonte da imagem: Reprodução/AmazingStuff
No oriente, as tatuagens eram utilizadas para marcar a posição social e até mesmo a aptidão de guerreiros samurais. Com a queda desta espécie de regime, a máfia japonesa incorporou as tattoos com o mesmo objetivo de demonstrar força e hierarquia — motivo pelo qual os desenhos corporais não são tão bem-vistos na região.
Os desenhos feitos dentro deste estilo encaram o corpo como uma grande tela, sendo que o objetivo final é o fechamento dela. No entanto, há “regras”, como não tatuar as mãos, pescoço e pés, já que as tatuagens devem ficar escondidas. Além disso, os símbolos usados variam, com a presença de samurais, seres mitológicos e demais representações culturais do Oriente, com presença predominante de cores primárias, nuvens e muita sombra.
Fonte da imagem: Reprodução/Ursispaltenstein
Talvez você pense que as tatuagens do realismo e da nova escola sejam praticamente a mesma coisa, mas a história não é bem assim. As realistas têm um compromisso muito grande com todos os aspectos da imagem “copiada”, de modo que a quantidade de cores usadas é muito grande, assim como acontece com os graus de sombra. Além disso, é muito comum encontrar retratos de familiares e até mesmo reproduções de pinturas famosas.
Caso você esteja pensando em fazer uma tatuagem, é necessário tomar algumas precauções: em primeiro lugar, procure um profissional de confiança e que obedeça às normas da vigilância sanitária. Depois disso, pense bastante sobre o assunto, afinal de contas, este não é o tipo de coisa que você tirar ou apagar depois de um mês, por exemplo — e lembre-se de que é necessário ter 18 anos para começar a se “rabiscar”.
Além de tudo isso, hoje em dia, as tatuagens não carregam necessariamente o significado de um desenho ou todo o peso de uma cultura. Você pode decorar o seu corpo da maneira que quiser e com os símbolos que combinarem com o seu estilo, de modo que o seu próprio corpo expresse toda a sua personalidade.