Ciência
01/02/2017 às 11:23•1 min de leitura
Em 2012, o mundo riu de uma das restaurações mais desastrosas da História: Cecilia Giménez, então com 81 anos, resolveu recuperar o afresco Ecce Homo, pintado em 1930 por Elías Garcia Martínez, mas o resultado não foi o que ela esperava. A imagem de Cristo ficou com o rosto borrado, e Cecília ganhou fama mundial.
Porém, a repercussão não fez muito bem à idosa: Cecila conta que passou vários dias chorando diante das críticas recebidas por seu trabalho. Inclusive, os herdeiros do pintor chegaram a ameaçá-la judicialmente, mas essa história não foi para frente. Com o tempo, a poeira baixou e ela voltou à sua rotina normal.
Cecilia Giménez também passou vários dias sem comer direito diante da recepção negativa inicial para sua obra
Mas quem teve a rotina completamente alterada foi cidadezinha de Borja, na Espanha, onde tudo aconteceu. Com menos de 5 mil habitantes, o lugar virou uma rota inesperada de turismo. Nos últimos anos, Borja recebeu milhares de visitantes querendo conhecer o Santuário da Misericórdia e, principalmente, o afresco adulterado por Cecilia.
São tantas pessoas peregrinando até Borja que a economia da cidade foi restabelecida. Foram confeccionados muitos objetos com a imagem do afresco famoso, com parte do lucro das vendas indo para Cecilia e outra sendo dada aos descendentes do pintor original. De palhaça da vila, a senhorinha passou a ser uma celebridade local, incluindo incentivando jovens a criarem suas próprias versões do Ecce Homo.
Parte da renda dos produtos é destinada aos herdeiro de Elías Martínez, enquanto outra vai para os bolsos de Cecilia
“Por que as pessoas vêm para ver uma obra de arte tão terrível? Deus trabalha de maneiras misteriosas. Seu desastre pode ser meu milagre”, analisa Andrew Flack, que está transformando a história do sucesso acidental em quadrinhos. “Para mim, é uma história de fé”, finaliza Flack.
Turistas fazem fila para conferir de perto o afresco da discórdia