Artes/cultura
07/08/2019 às 02:00•3 min de leitura
Você deve estar acompanhando as notícias sobre o surto de ebola que já provocou a morte de mais de mil pessoas. Existe muita preocupação com respeito à doença e a possibilidade de que ela se transforme em uma pandemia, e esse medo é bastante justificável. Afinal, dos infectados, entre 50 e 90% não sobrevivem ao vírus. Contudo, apesar de o ebola aterrorizar o mundo inteiro, existem outras doenças que provocam muito mais mortes anualmente.
De acordo com o The Guardian, desde que os primeiros casos de ebola começaram a surgir — em fevereiro deste ano —, cerca de 300 mil pessoas morreram de malária, enquanto outras 600 mil faleceram de tuberculose. Inclusive existe outra febre hemorrágica parecida com a provocada pelo ebola, conhecida como febre de Lassa, que também provoca mais vítimas.
Assim, apesar de toda a apreensão associada à possibilidade de que o ebola afete várias partes do planeta, a verdade é que existem outros males que assustam aos profissionais de saúde muito mais. O pessoal do site Mother Jones conversou com alguns especialistas no assunto, e você pode conferir a seguir quais doenças eles consideram mais mortais e assustadoras do que a provocada pelo ebola:
Por incrível que pareça, a gripe aparece em primeiro lugar na lista de vários infectologistas, já que a estimativa, segundo a OMS, é de que o vírus provoque a morte de um número entre 250 mil e meio milhão de pessoas ao ano, além de mandar entre 3 e 5 milhões de afetados ao hospital. E o vírus é transmitido muito mais facilmente do que o ebola — que até agora infectou mais de 1.700 pessoas.
Com uma estatística como essa, fica evidente o motivo de os especialistas considerarem a gripe um problema tão grande. Contudo, embora a questão possa ser amenizada através da vacinação, apenas uma parcela da população participa das campanhas. E, apesar de crianças, gestantes e idosos serem mais vulneráveis ao vírus, algumas cepas podem ser especialmente perigosas para adultos saudáveis — ou você já se esqueceu da pandemia de H1N1 que em 2009 deixou um número estimado em mais de 280 mil mortos?
Staphylococcus aureus
Nos últimos anos, cada vez mais agentes patogênicos vêm se tornando resistentes à ação de antibióticos, e a OMS vê isso como um assunto bem sério. Afinal, imagine um mundo no qual ferimentos de pequeno porte e infecções comuns se tornam mortais por não existirem medicamentos capazes de combatê-los!
Aliás, algumas doenças já estão começando a dar dor de cabeça aos médicos, como infecções urinárias por E. colli e outras provocadas pela Staphylococcus aureus resistentes aos remédios disponíveis atualmente, que estão se tornando cada vez mais comuns. Nesse sentido, a organização alerta para o fato de que novas drogas sejam desenvolvidas, pois várias enfermidades que são tratadas com antibióticos podem se tornar incuráveis futuramente.
Milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas pelo vírus do papiloma humano, um agente que pode provocar o surgimento de diversos tipos de câncer, entre eles o de colo de útero, que mata 270 mil mulheres anualmente. O mais triste é que a infecção pode ser prevenida com uma simples vacina — que deve ser aplicada já na pré-adolescência e adolescência —, mas faltam campanhas e incentivos para que isso ocorra massivamente.
Salmonella
Nos EUA, cerca de 76 milhões de pessoas são hospitalizadas anualmente devido a problemas de saúde provocados por agentes infecciosos — como a salmonella, listeria, campylobacter etc. — presentes nos alimentos ou na água. Só no ano de 1998, cerca de 1,8 milhão de crianças de países em desenvolvimento — sem contar a China — morreram devido a complicações provocadas por esses microrganismos.
O preocupante é que não existem vacinas contra esses agentes, e a única forma de combater o problema é monitorando a distribuição de comida e água. No entanto, para isso é necessário investir na contratação de inspetores e em novas tecnologias e sistemas de controle e avaliação de riscos, por exemplo, e esse, como você bem sabe, é outro problema.
Apesar de existir uma vacina contra o sarampo, segundo a OMS, em 2012, a doença provocou a morte de 122 mil pessoas, ou seja, 330 mortes por dia ou 14 a cada hora! No entanto, essa estatística ainda é muito melhor do que a que do ano de 1980 — antes de as campanhas de vacinação se espalharem pelo mundo —, quando foram registradas 2,6 milhões de vítimas.
Desde então, embora o sarampo ainda seja uma das principais causas de morte infantil no mundo, o número de doentes caiu em 78% do ano 2000 até 2012. Além disso, nesse intervalo, mais de 1 bilhão de crianças que vivem em países de alto risco foram vacinadas, e, em 2012, 84% da garotada do planeta recebeu a vacina. O objetivo atual é reduzir o número de vítimas em 95% — em comparação ao ano 2000 — até 2015 e, até 2020, erradicar completamente a doença do planeta.