Ciência
24/03/2017 às 06:57•3 min de leitura
Tudo o que entra — mais cedo ou mais tarde — precisa sair, certo? Pois essa premissa também se aplica aos insetos, embora as coisas funcionem de um jeitinho um pouco diferente (e até peculiar!) para algumas espécies. De modo geral, os bichos defecam, sim, e, segundo Stephanie Pappas, do portal Live Science, os mecanismos envolvidos nessa ação e as fezes propriamente ditas permitem que biólogos e entomólogos descubram uma porção de coisas sobre os animais.
De acordo com Stephanie, existem, por exemplo, insetos que usam o cocô para atrair outros bichos para um bate-papo camarada ou, ainda, para cobrir suas crias a fim de proporcionar a elas uma proteção extra por meio dos microrganismos presentes nas fezes. Já pensou se essas coisas também fossem feitas pelos humanos? Eca...
Assim como ocorre com os humanos, o sistema digestivo dos insetos consiste de uma abertura por onde a comida entra, uma parte onde ela é digerida e outra abertura — pela qual os resíduos são expelidos. Mais precisamente, segundo Simão Vasconcelos, professor da Universidade Federal de Lavras, o aparelho digestivo desses animais é, basicamente, composto por um longo tubo que se estende da boca até o ânus, e a complexidade e o comprimento dessa estrutura dependem dos hábitos alimentares de cada espécie.
Um exemplar da família Pentatomidae
Geralmente, o tubo alimentar é diferenciado em intestino anterior, médio e posterior, e é na primeira porção que os alimentos são armazenados e triturados — em um processo não muito diferente do que ocorre com as aves. A maior parte da digestão se dá no intestino médio, e é nessa parte do tubo que acontece a absorção dos nutrientes, enquanto que a água é absorvida na porção posterior do intestino — e o que sobrar desse processo é expelido.
Como você viu, a coisa toda lembra o que acontece durante a nossa digestão, mas uma curiosidade interessante com relação ao sistema dos insetos é que, quando eles trocam de exoesqueleto, a parte interna de seus intestinos também vai embora. Voltando assunto do cocô propriamente dito...
As fezes dos insetos normalmente se parecem com bolinhas — e as dimensões variam de acordo com o tamanho de cada espécie, é claro. No entanto, os bichos que atacam a madeira costumam defecar um pozinho semelhante à serragem, enquanto o cocô das baratas parece poeira comum. Aliás, além de serem nojentas, as fezes das baratas podem provocar reações alérgicas!
Exemplo de fezes de insetos — no caso acima, de percevejos
Apesar de a maior parte do cocô dos insetos voltar para o meio ambiente na forma de uma espécie de fertilizante, existem espécies que encontraram outros usos para suas fezes. Esse é o caso dos besouros da subfamília Scolytinae, que liberam feromônios em seus dejetos que servem para atrair outros besourinhos.
Besouros da subfamília Scolytinae
Tem ainda os insetos da família Pentatomidae, cujas fêmeas cobrem seus ovinhos com uma camada de cocô. Então, quando os bichinhos nascem, durante a sua fase de ninfa, eles se alimentam das fezes — que contêm bactérias e outros organismos simbiontes fundamentais para o desenvolvimento e a sobrevivência desses animais.
E sabe o que a gente comentou no comecinho da matéria, sobre “tudo o que entra ter que sair uma hora”? Então! Algumas espécies de insetos param de comer quando chegam à fase adulta, como é o caso dos bichos-da-seda, então eles simplesmente param de fazer cocô. Há também os que só vão começar a se alimentar quando chegam à fase adulta, o que significa que eles apenas fazem o “número 2” depois de alcançar a maturidade.
Um neuróptero
Um exemplo dessas criaturas são os neurópteros, que, em sua fase larval, contam apenas com a abertura pela qual os alimentos entram, mas não têm um ânus. Então, quando a larva passa pela metamorfose e se transforma em um indivíduo adulto, o orifício anal aparece — e a primeira coisa que esses bichos fazem é eliminar toda essa comida digerida e acumulada na forma de um baita cocozão.
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