Ciência
27/07/2019 às 04:00•3 min de leitura
“Caverna dos Mortos” — um lugar com um nome desses só pode estar ligado a uma história macabra, certo? Se isso foi o que você pensou, saiba que você não está equivocado! Essa peculiar caverna fica em Moray, uma cidade litorânea no norte da Escócia, e consiste em um sítio arqueológico de difícil acesso que foi batizado oficialmente com o nome de “Caverna do Escultor” em meados do século 19.
Entrada para a Caverna dos Mortos (Daily Mail/Universidade de Bradford)
E por que ela ficou conhecida por esse nome sinistro? Segundo Tom Metcalfe, do site Live Science, para começar, logo na entrada da caverna, existem uma porção de símbolos que supostamente foram talhados ali para proibir a entrada de curiosos, sem falar nas evidências encontradas por lá que apontam que o lugar foi palco de um possível massacre e era usado para depositar cadáveres humanos. Sinistro, né?
De acordo com Tom, os arqueólogos acreditam que os símbolos gravados na caverna foram criados pelos Pictos — um povo que habitou o território que hoje corresponde à Escócia durante a Idade do Bronze e início da Idade Média — e que até hoje não foram decifrados. A suspeita é que os desenhos possam representar nomes de pessoas ou tribos ou, quem sabe, sejam algum tipo de alerta para possíveis invasores.
Alguns dos símbolos gravados na entrada da caverna (YouTube/Paul Jamieson)
Além disso, durante escavações realizadas, primeiro na década de 20 e, depois na de 70, foram encontrados vários artefatos da Idade do Bronze no interior da caverna, como fragmentos de roupas, adornos de cabelo e restos humanos. Com base nas descobertas e vestígios detectados no local, os cientistas pensam que o sítio era usado pelos Pictos para depositar seus mortos até que seus corpos apodrecessem e os ossos pudessem ser “limpos” e coletados.
Mais símbolos (Daily Express/Paul Jamieson)
Segundo as evidências, a caverna parece ter começado a ser usada para a realização de rituais funerários por volta do ano mil a.C. — e os arqueólogos encontraram ossos humanos com vestígios de manipulação, como sinais de corte e polimento. O local parece ter servido para esse fim durante a Idade do Bronze, depois, na Idade do Ferro e inclusive durante a ocupação romana na região, mas, por volta do ano 400 da era cristã, a atividade parece chegar ao fim, coincidindo com a gravação dos símbolos na entrada da caverna.
Ossadas descobertas no interior da caverna (Daily Express/Paul Jamieson)
Entretanto, os arqueólogos encontraram evidências de mais uma coisinha que parece ter rolado no local. Os cientistas descobriram diversas ossadas que indicam que a caverna teria servido de palco para um sacrifício humano, massacre sangrento ou execução. A datação por radiocarbono indicou que o evento aconteceu em meados do século 3, e os esqueletos pertencem a vários indivíduos, e pelo menos seis deles mostram sinais de decapitação.
Representação dos Pictos (Daily Express/Getty)
Conforme mencionamos no comecinho da matéria, a Caverna dos Mortos é um local que poucas pessoas se atrevem a xeretar. Isso porque, além de toda as superstições que envolvem o lugar, a entrada — dessa e de outras tantas cavernas que se espalham pela região — fica voltada para o mar e só permanece acessível quando a maré está baixa.
Artefatos da Idade do Bronze encontrados na Caverna dos Mortos (Daily Express/Universidade de Bradford)
Entretanto, se você curte histórias de locais com passado macabro e tem interesse de ver a caverna, temos boas notícias: um time de cientistas acabou de concluir o mapeamento tridimensional da Caverna dos Mortos e o resultado será transformado em um “tour virtual”. Aliás, já é possível dar uma “passeada” preliminar pelo interior da caverna! Não é a mesma coisa que ir pessoalmente até lá, mas dá para matar um pouquinho da curiosidade. Veja: