Ciência
28/03/2018 às 07:00•2 min de leitura
Nós do Mega Curioso já compartilhamos por aqui imagens de um peixe muito esquisito — e bastante raro —, da ordem dos Lophiiformes, que, além de ter um “sorriso” não muito simpático, tem uma espécie de lanterna bioluminescente adornando sua cabeça. Esses animais habitam as regiões abissais dos oceanos, o que explica o fato de eles dificilmente serem capturados com vida na superfície ou existirem pouquíssimas imagens deles em seu habitat natural.
Pois não é que conseguiram registrar imagens desses peixes — bonitos! — acasalando? Aliás, de acordo com Katie Langin, do site Science Magazine, esse pode ser o primeiro vídeo já capturado de Lophiiformes em pleno rala-e-rola e os cientistas por trás da proeza ficaram impressionados com as cenas que testemunharam. Mas não pense você que eles viram algo de muito picante ou assistiram a uma sequência de “sexo animal” se desenrolar diante de seus olhos...
As imagens foram gravadas nos arredores de Açores, um arquipélago português que fica no Atlântico, próximo à Península Ibérica, por um submergível que se encontrava a uma profundidade de 800 metros. Tudo aconteceu quando os pesquisadores — Kirsten e Joachim Jakobsen — se depararam com o peixe e, ao analisar as imagens capturadas pelo equipamento, notaram que havia “algo mais” ali. Assista:
Caso você não tenha conseguido identificar quem é quem no vídeo acima, o peixe com a antena na testa é a fêmea, e as estruturas bioluminscentes que se projetam ao redor de seu corpo não tem nada a ver com o macho e funcionam mais ou menos como os bigodes dos gatos — uma vez que elas servem para que os Lophiiformes detectem obstáculos no ambiente e a aproximação de outros animais.
O macho, caso você não tenha notado, é um peixinho pequenino que pode ser visto sob a fêmea e que quase passa despercebido. Como você viu, aparentemente, não existe muita ação ali, e o acasalamento é bem... morno — especialmente quando comparado ao de outros animais. Mas tem mais coisa rolando do que os olhos (leigos) podem ver.
Tem um machinho ali! (YouTube/Science Magazine)
Como os peixes se encontram a grandes profundidades, regiões nas quais a temperatura das águas é bastante baixa, eles se movem bem pouco justamente para gastar menos energia para o ambiente. Se você prestar atenção, a fêmea apenas se move quando necessário, pegando impulso para seguir flutuando em uma ou outra direção — e sua relação com o macho é, na verdade, parasítica.
Ele “cola” no corpo da fêmea durante o período de acasalamento e, enquanto permanece ali, vai absorvendo nutrientes a partir do organismo dela. Ela, em contrapartida, não vai passando sua energia assim, de graça, e obtém o esperma necessário para conceber peixinhos. Quando a “parceria” acaba, cada um segue com suas vidas e fim da história. Isso é que é desprendimento emocional e trabalho em equipe!