Ciência
11/10/2018 às 10:00•2 min de leitura
Os adeptos da modalidade "pesque e solte", dentro da pesca esportiva, realizam o desejo de pescar sem acabar com a vida dos peixes que mordem a isca, e enquanto muita gente acha que a prática é inofensiva, uma vez que o peixe não é morto e volta logo para a água, ativistas dos direitos dos animais acusam o esporte de crueldade, afirmando que os peixes sentem dor.
Um novo estudo buscou descobrir se o pesque e solte compromete realmente a saúde desses animais e o resultado mostra que os anzóis causam machucados na boca dos peixes, prejudicando a alimentação desses animais.
O que acontece é que quando o anzol é retirado da boca do peixe, o buraquinho que essa ferramenta abriu não fecha instantaneamente, o que acaba interferindo na capacidade de o animal se alimentar de maneira normal, afetando o mecanismo de sucção que peixes como o salmão e a truta usam para comer.
“O sistema de alimentação por sucção é bastante similar com o qual usamos para beber líquido com canudinho. Se você faz um buraco do lado do canudo, ele não vai funcionar devidamente”, explicou um dos autores do estudo, Tim Higham, em declaração publicada no Mother Nature Network.
A pesquisa de Higham estudou 20 peixes, 10 pescados por anzóis e 10 por rede. Os animais foram transportados para um laboratório onde foram monitorados e fotografados sempre que se alimentavam. As imagens revelaram que eles estavam todos com fome, mas que aqueles pescados por anzóis apresentavam dificuldades significativas para se alimentar.
“Como imaginávamos, os peixes com o machucados na boca apresentaram uma redução na velocidade com a qual conseguiam atrair presas para as suas bocas”, explicou o pesquisador, ressaltando que até os anzóis considerados menos invasivos também machucam os peixes.
Os pesquisadores não sabem até que ponto essa dificuldade de alimentação interfere na vida do peixe e na sua capacidade de sobreviver. O que ficou claro é que os peixes não conseguem comer direito enquanto suas feridas estão cicatrizando: “Este estudo enfatiza que a pesca esportiva não é tão simples como remover o anzol e ficar tudo bem, mas que é um processo complexo que deveria ser estudado mais detalhadamente”, disse Higham. Os peixes foram todos liberados com segurança após o experimento.
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