Ciência
05/04/2019 às 08:00•2 min de leitura
As florestas brasileiras abrigam uma enorme quantidade de espécies da flora e da fauna, muitas ainda desconhecidas pelo homem. Há também muito o que se investigar sobre as espécies já catalogadas, como habilidades especiais tais quais brilhar no escuro, por exemplo.
Um estudo divulgado na Scientific Reports, por uma equipe de cientistas brasileiros, norte americanos, franceses e suíços, descobriu que a espécie de sapo Brachycephalus ephippium tem essa capacidade peculiar quando colocada sob luz ultravioleta. A descoberta aconteceu por acaso, quando os pesquisadores avaliavam as técnicas de namoro dos sapinhos.
(Reprodução/Nature)
A equipe estava na floresta atlântica brasileira estudando as comunicações acústicas desses sapos em miniatura. No entanto, eles descobriram que os sapos não podiam ouvir suas próprias chamadas de acasalamento, sugerindo que deviam estar se comunicando de outra maneira. Sob o brilho de uma lâmpada UV, eles encontraram a resposta brilhante.
"O presente estudo contribui para a crescente lista de casos documentados de fluorescência em animais terrestres", escrevem os autores do estudo. "A fluorescência óssea dentro do gênero Brachycephalus parece estar associada à perda da audição de alta frequência, aumentando a possibilidade de que ela represente um canal de comunicação alternativo", disse a autora principal do estudo, Sandra Goutte, Pós-Doutoranda da Universidade de Nova York em Abu Dhabi.
(Reprodução/Nature)
O mais interessante é que o esqueleto da espécie é todo fluorescente e não sua pele. O brilho se torna visível nos locais onde a camada de pele é mais fina e, com a luz ultravioleta, é possível notar essa característica. Os Brachycephalus ephippium têm hábitos diurnos, ou seja, podem ser vistos durante o dia na Floresta Atlântica durante a época de acasalamento. De pequeno tamanho - entre 1,25 cm a 1,97 cm - os sapos têm apenas dois dedos funcionais na mão e três no pé, caminha lentamente e raramente pula. A cor alaranjada ou amarelo-cromo está associada à presença de substância tóxica na pele, semelhante à tetrodotoxina, que possivelmente tem função defensiva contra predadores.