Artes/cultura
04/10/2019 às 15:00•2 min de leitura
Um acidente nuclear não revelado pelas autoridades pode ter acontecido na Rússia em 2017. A afirmação é de um grupo de cientistas intitulado "‘Ring of 5" (algo como "círculo de cinco" em português), que vasculha a Europa desde a década de 1980 em busca de níveis elevados de radiação, e foi divulgada em um estudo publicado no último mês de julho.
Na pesquisa, os cientistas afirmam ter detectado uma liberação sem precedentes de radiação na Europa e na Ásia, que provavelmente tenha como origem a instalação nuclear de Mayak, onde funcionava o antigo programa soviético de armas nucleares, localizada a 150 quilômetros de distância da cidade de Ecaterinburgo.
O elemento radioativo encontrado por eles foi o rutênio-106, de acordo com Georg Steinhauser, professor da Universidade de Hannover (Alemanha) e um dos mentores do estudo. Em entrevista ao Business Insider, ele disse que essa foi a primeira detecção do elemento no ar desde o acidente nuclear de Chernobyl, em 1986.
Rastreando o caminho do isótopo radioativo de volta ao seu local de origem durante quase dois anos, Steinhauser e sua equipe determinaram que todas as evidências apontavam para a instalação de Mayak como a fonte da radiação, local do terceiro pior acidente nuclear da história — a explosão de Kyshtym, em 1957.
O estudo explica ainda que a liberação maciça de rutênio pode ter acontecido durante o reprocessamento de combustível nuclear usado nos reatores, processo que separa elementos utilizáveis de produtos de fissão e outros materiais.
Enquanto os cientistas do “Ring of 5” têm certeza do acidente nuclear, as autoridades russas negam que houve algum vazamento em Mayak. O governo até reconhece a detecção de níveis elevados do rutênio-106 na região dos Montes Urais, em 2017, mas afirma que a radiação teria vindo de um satélite defeituoso que se queimava na atmosfera.
Segundo Steinhauser, os níveis de radiação detectados pela equipe não são uma ameaça imediata à saúde das pessoas ou ao meio ambiente. Porém, as consequências a longo prazo são desconhecidas.
Ele acredita que possa ser necessário monitorar a segurança dos alimentos cultivados pela população na região, para verificar se houve a contaminação do solo e da água pelo rutênio.