Ciência
25/05/2021 às 04:00•2 min de leitura
Durante as mudanças comportamentais determinadas pela pandemia da covid-19, ao menos duas espécies ficaram “felizes” com a presença de mais seres humanos dentro de casa: os cachorros e os gatos. Amigos e parceiros fiéis de seus tutores, eles adotam reações opostas. Enquanto os primeiros querem aproveitar a situação para ir toda hora à rua, os gatos só querem deitar nos pés dos seus donos.
Essa diferente predisposição desses bichinhos em querer passear ou ficar repousando em casa pode estar relacionado ao custo metabólico associado à locomoção. Um estudo feito pela Duke University sobre um assunto que a princípio parece óbvio, levou à compreensão das maneiras pelas quais os animais gerenciam a sua energia para caminhar.
Publicada na revista científica PLOS ONE em 2008, a pesquisa tem seu foco principal no andar dos gatos, considerados o “modelo de animal ideal para explorar o equilíbrio de diferentes objetivos locomotores”. Atenção especial é dedicada entre eficiência energética e furtividade, uma das posturas de caça com membros flexionados que é adotada frequentemente pelos felídeos.
Essa variedade de movimentos posturais faz com que os gatos não sejam “especializados” em caminhar longas distâncias, ao passo que os cães e outros animais evoluírem para serem bons caminhadores. Os canídeos em especial são muito eficientes em suas posturas ao caminhar, o que ocorre, segundo os cientistas, por andarem com as pernas rígidas, criando um centro de massa.
Ao criarem esse “centro de massa”, que é o ponto no qual toda a massa de um corpo se concentra, os cães conseguem caminhar longas distâncias em ritmo constante porque conseguem receber de volta a energia cinética do seu próprio movimento. Conforme a pesquisa, cães recuperam cerca de 70% da energia cinética despendida, o que representa uma economia à energia metabólica.
Quanto aos gatos, não é necessário nenhum estudo para saber que tudo o que eles menos querem é participar de longas caminhadas. Mas quem convive com os bichanos sabe que eles adotam várias posturas para caminhar, desde aquela rígida, semelhante à dos cachorros, como uma outra, meio agachada, prenunciando uma bela arranhada.
A conclusão do estudo foi de que os gatos possuem um mecanismo pendular mecânico de economia de energia bem menos eficaz do que animais "caminhantes", com recuperação de energia de no máximo 37,9%.