Ciência
15/12/2021 às 12:00•2 min de leitura
No início desta semana, dois casos curiosos de gravidez em Goiânia (GO) e Vilhena (RO) obtiveram grande repercussão na internet, quando hospitais relataram ocorrências de partos empelicados. As curiosas ocasiões destacaram uma condição considerada raríssima na obstetrícia e despertou o interesse do público em conhecer um pouco mais sobre o tipo de nascimento, de forma a entender o que pode motivar a não deterioração da bolsa amniótica.
Vídeos divulgados nas redes sociais em 11 e 12 de dezembro exibiram, respectivamente, os bebês Miguel e Elis nascerem cobertos com a película amniótica, em imagens que aparentam uma certa estranheza para quem nunca teve acesso a registros reais sobre a ocorrência. Porém, apesar de o fato ser classificado como um feito raro e difícil de programar, não chega a ser um evento anormal ou prejudicial para a mãe ou criança, já que o bebê continua ligado à genitora pela placenta e permanece respirando normalmente.
“Não existe malefício para a mãe e para o bebê. Talvez o fato do bebê não ter contato com a flora bacteriana vaginal da mulher possa ser um suposto malefício. Estudos recentes apontam que a passagem pelo canal vaginal da mãe seja importante para colonizar o bebê com bactérias e micro-organismos para os quais o bebê recebeu imunidade, desta forma isso seria importante para ligar o sistema imunológico do bebê de uma forma mais precoce e efetiva", explica o Instituto Nascer. “Então no parto empelicado, com a bolsa integra, o bebê não terá o contato com essa flora bacteriana importante. Mas isso são só reflexões baseada nas teorias do Microbirth.”
(Fonte: G1/Reprodução)
Estima-se que o parto empelicado aconteça com um a cada 80 mil bebês, com frequências de nascimento de um ou duas crianças por ano. Curiosamente, o fato pode oferecer até mesmo certos benefícios para a criança, já que a proteção combate possíveis traumas e choques de movimento, como fraturas ou escoriações, e previne contra doenças que podem ser transmitidas via canal vaginal de soropositivas, como o HIV.
Em entrevista, o médico responsável pelo parto de Andressa Nunes Rodrigues comentou sobre a alegria de ter contribuído com o nascimento de Miguel e revelou que é impossível prever quando um bebê pode nascer sem ter a bolsa amniótica rompida antes de ser devidamente separado da mãe.
Em cesáreas, a incidência de nascimentos empelicados é bem maior que em partos normais, especialmente por obstetras conseguirem intencionalmente retirar crianças ainda cobertas pela película. Dessa forma, o evento considerado “raríssimo” e com poucos casos relatados na história é aquele que acontece por via vaginal, em que os médicos são incapazes de interferir ou realizar ações de maneira premeditada.
“Quanto mais distendida estiver a bolsa — pela quantidade maior de líquido ou pelo tamanho do bebê — maiores as chances do rompimento”, afirma a Dra. Lidia Hyun Joo Myung, especialista em ginecologia e obstetrícia da Clínica Medicina da Mulher. “Geralmente, na cesárea, é possível fazer o parto empelicado mais facilmente, porque podemos realizar a abertura do útero sem romper a bolsa amniótica. Como a bolsa é pequena, é mais simples de passar intacta pelo canal”.