Ciência
18/10/2023 às 14:00•2 min de leitura
Usando técnicas inovadoras de digitalização de imagens e instrumentação científica, pesquisadores encontraram vestígios das tintas originais utilizadas para decorar as esculturas do Partenon, revelando que elas possuíam tonalidades bem diferentes do branco atual. Detalhes sobre este novo estudo foram publicados na revista Antiquity, na quarta-feira (11).
Em exibição no Museu Britânico de Londres, no Reino Unido, as esculturas faziam parte do famoso templo erguido na Acrópole, em Atenas, na Grécia, há cerca de 2,5 mil anos. A coleção de estátuas de mármore atualmente tem a cor branca, mas já se suspeitava que esta não era a sua tonalidade original.
A mudança nas cores ao longo dos séculos aconteceu devido a inúmeros processos de restauração, limpeza excessiva e desgastes, entre outros fatores. Na tentativa de descobrir como as obras eram originalmente, pesquisadores liderados pelo especialista do Art Institute of Chicago, Giovanni Verri, resolveram fazer uma nova análise das peças.
(Fonte: Museu Britânico/Divulgação)
Para tanto, a equipe examinou as esculturas do Partenon usando uma técnica chamada luminescência induzida pelo visível. Desenvolvido por Verri, este método não invasivo permite detectar vestígios de azul egípcio, pigmento composto por cálcio, cobre e silício, criado pelo homem e largamente utilizado na antiguidade.
Quando submetido ao procedimento, o pigmento invisível a olho nu acaba brilhando, o que possibilitou a sua identificação em várias das esculturas que ficavam na Grécia. Além do azul egípcio, foram detectados vestígios de pigmentos branco e roxo, este último bastante valorizado na região do antigo Mediterrâneo.
Os pesquisadores também descobriram evidências de determinados padrões seguidos pelos artistas que criaram as obras. Algumas delas, como a estátua de Dione, mãe de Afrodite, traziam desenhos, incluindo figuras humanas, como a imagem de pernas correndo, junto com uma mão e um pé, e folhas de palmeira.
(Fonte: Museu Britânico/Divulgação)
Ainda de acordo com a investigação, os escultores aparentemente fizeram pouco esforço para desenvolver uma superfície mais aderente à tinta, o que teria facilitado a perda das tonalidades originais com o passar do tempo. Por outro lado, priorizaram a reprodução da forma pretendida, adotando técnicas diferentes em cada área.
Na representação dos tecidos dos vestidos dos deuses e deusas do Olimpo, há marcas do uso de ferramentas específicas para a reprodução de peças que usavam linho e outras mais suaves para lã. Já as áreas de pele eram bem mais polidas.
Para a equipe, que também incluía profissionais do próprio Museu Britânico e da King’s College London, o estudo revela que as esculturas do Partenon são parte de um projeto muito mais complexo do que se imaginava. Além disso, demonstra a importância das cores para os gregos antigos.
“As vestimentas elegantes e elaboradas possivelmente pretendiam representar o poder dos deuses do Olimpo, bem como a riqueza e o alcance de Atenas e dos atenienses, que encomendaram o templo”, afirmou Verri, em entrevista ao IFL Science.