É verdade que dores de cabeça podem "prever" tempestades?

14/05/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 14/05/2024 às 12:00

Dores de cabeça podem ser absolutamente estarrecedoras, reduzindo a capacidade de concentração, minando o bom humor e até mesmo comprometendo a qualidade do sono. Perfumes fortes, consumo excessivo de doces, ruídos constantes: muitos são os motivos para a dor voltar.

No entanto, é preciso reconhecer como as crises agudas podem surgir a partir de causas aparentemente inofensivas — o que é especialmente verdadeiro para quem sofre com alguma doença crônica. E até mesmo a proximidade de uma tempestade entra no rol de motivos. Mas, afinal, o que explicaria isso?

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
lém da elevação das temperaturas, a baixa pressão do ar aumenta o risco de dor de cabeça, segundo estudos. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Relação entre as tempestades e a dor de cabeça

Para aqueles que dificilmente sentem dores de cabeça, parece impossível, mas as diferentes condições climáticas respondem por parte destes efeitos. Os que sofrem de enxaqueca crônica, por exemplo, notam como uma mudança drástica de temperatura pode dar início a um novo episódio de dor.

Para pessoas que possuem alguns tipos de alergias, como a urticária colinérgica, a amplitude térmica também pode provocar algumas reações no organismo, incluindo esse grande incômodo. Apesar dessa noção não estar tão difundida, já há quem reconheça a sua participação: a Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, elenca as mudanças de tempo como um dos fatores para desencadear dores de cabeça.

E, por incrível que pareça, a pressão atmosférica também é uma das variáveis atuantes. Ela não mostra sua força apenas quando as pessoas se deslocam para localidades de maior altitude, mas também quando uma tempestade está se formando. Nos dois cenários, ela se apresenta reduzida.

Acredita-se que essa condição climática, em específico, provoque algumas mudanças químicas em nosso cérebro, gerando esse desconforto. Um estudo, publicado no periódico Headache em 2010, vai nessa mesma linha. Os resultados sugerem que o nervo trigêmeo reage em meio à redução na pressão atmosférica e isso provocaria a dor.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Tempestades podem favorecer mudanças químicas em nosso cérebro, e com isso, provocar a dor de cabeça. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Estudo analisa efeitos da mudança de temperatura e pressão atmosférica

Outro estudo, da American Academy of Neurology, que contou com a participação de mais de 7 mil pessoas, também explorou esses efeitos climáticos. Todo esse público, atendido em unidades de pronto atendimento entre 2000 e 2007, foi diagnosticado com cefaleia primária, enxaqueca ou dor de cabeça tensional.

A conclusão é que a elevação de temperatura em até 5 °C representou um risco 7,5% maior das pessoas sentirem dores de cabeça. E tal efeito era percebido cerca de 24 horas antes dos pacientes buscarem auxílio médico. A pressão atmosférica mais baixa, por sua vez, mostrou exercer impactos negativos no público, o que se manifestou em um período de 48 a 72 horas antes das pessoas procurarem um hospital.

Ou seja, as altas temperaturas e a redução da pressão atmosférica, esta última presente durante as tempestades, são bem menos inofensivas do que parecem, indo além de provocar um mero desconforto. A solução, por outro lado, não é simples de ser encontrada em meio a uma rotina atribulada.

A recomendação é evitar as situações que ofereçam esse risco de desencadear as dores de cabeça, dentro do possível. Além disso, é importante se manter hidratado, com uma dieta equilibrada e com o sono em dia. E claro, carregar um analgésico na bolsa para situações pontuais e sempre seguir orientações de um médico, pois a automedicação contínua também pode agravar o quadro.

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