Artes/cultura
07/11/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 07/11/2024 às 21:00
Uma iniciativa arqueológica mexicana, o Projeto ARX, em parceria com o Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH), está perto de comprovar a existência de uma rede de túneis subterrâneos na antiga cidade de Mitla, no México. Para o povo zapoteca, que habitava a região, o local é uma passagem para o mundo dos mortos.
De acordo com os resultados da investigação publicados em seu site, o Projeto ARX usou "radar de penetração no solo, tomografia elétrica e sísmica" para confirmar "a existência de uma rede de câmaras e passagens subterrâneas não descobertas anteriormente". Esses achados complementam o grande vazio sob a Igreja de San Pablo Apostol, identificado em pesquisas anteriores.
Segundo o fundador do projeto ARX, Marco Vigato, as irregularidades subterrâneas detectadas sob a igreja correspondem aos relatos coloniais e tradições orais sobre a entrada perdida do labirinto subterrâneo de Mitla, explicou o pesquisador e escritor ao site All That’s Interesting. Outras áreas do sítio (Adobe, Arroyo e Sul) foram incorporadas à pesquisa atual.
Os zapotecas se consolidaram como uma civilização há cerca de 2,5 mil anos quando se estabeleceram em Mitla, por volta do ano 900 d.C. Mitla era conhecida como “o lugar dos mortos”, e os povos mesoamericanos acreditavam que as passagens subterrâneas e cavernas sob a cidade tinham conexões com o submundo, chamado de Lyobaa.
No século 16, os invasores espanhóis destruíram o templo mais sagrado dos zapotecas e, sobre as ruínas construíram a Igreja de San Pablo Apostol. Cem anos mais tarde, o padre Francisco de Burgoa documentou a existência do labirinto subterrâneo, descrevendo câmaras usadas como criptas para líderes religiosos e reis, e também uma câmara profunda usada supostamente para sacrifícios humanos.
Conforme o religioso, os espanhóis tentaram explorar os túneis com tochas, mas tiveram que recuar devido ao forte odor, umidade e presença de criaturas venenosas, e então decidiram selar a entrada.
A equipe do Projeto ARX planeja agora realizar escavações minimamente destrutivas (fazendo pequenos furos para inserir câmeras), para confirmar alguns dados dos subterrâneos de Mitla, como natureza, tamanho, profundidade e orientação das anomalias geofísicas identificadas.
Conforme Vigato, mesmo tendo sido saqueadas pelos europeus, as tumbas "ainda podem conter evidências importantes das práticas funerárias zapotecas e crenças sobre o submundo".
Além disso, se os antigos habitantes de Mitla alteraram suas cavernas naturais, eles podem ter deixado um rastro dessa ocupação humana e seus rituais a serem explorados.