Você sabia que esquecer coisas é uma estratégia evolutiva do nosso cérebro?

16/11/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 16/11/2024 às 12:00

Você já entrou em um cômodo e, ao chegar, pensou: “Espera... o que eu vim fazer aqui mesmo?” Ou viu alguém na rua e travou para lembrar o nome? Pode parecer que esses pequenos esquecimentos são uma falha irritante, mas o que pouca gente sabe é que esquecer não é só normal — é necessário!

Por que "deletamos" certas memórias?

O cérebro filtra o que é importante e descarta o resto. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O cérebro filtra o que é importante e descarta o resto. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Pense no cérebro como um gigantesco arquivo cheio de informações. Agora, imagine que você precisa consultar esse arquivo todos os dias. Seria impraticável, né? É exatamente por isso que o cérebro se dá ao luxo de esquecer muita coisa. Se lembrássemos de cada detalhe de tudo que vivemos, a quantidade de informação seria tão imensa que acabaria nos sobrecarregando.

Hermann Ebbinghaus, um psicólogo do século 19, descobriu que as memórias tendem a desaparecer com o tempo — um fenômeno que ele chamou de “curva de esquecimento”. Com o passar do tempo, nosso cérebro se ajusta e só guarda aquilo que realmente considera útil ou significativo.

Já o ganhador do Prêmio Nobel, Eric Kandel, descobriu que nosso cérebro “fortalece” as memórias que julgamos mais importantes, enquanto as outras vão sendo deixadas de lado. É a forma que a natureza encontrou de nos ajudar a manter a mente organizada e funcional.

Flexibilidade da memória

O cérebro ajusta memórias para se adaptar às novas situações. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O cérebro ajusta memórias para se adaptar às novas situações. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Além de filtrar informações irrelevantes, o cérebro tem a incrível capacidade de atualizar memórias para se adaptar a novas situações. Por exemplo, ao descobrir que a estrada habitual para o trabalho está interditada, ele enfraquece a memória da rota antiga e fortalece a nova. Essa habilidade foi essencial para nossos ancestrais, que precisavam adaptar suas lembranças sobre locais seguros, como novos poços d'água, para garantir a sobrevivência.

Esse processo de renovação das memórias também tem uma função protetora emocional. Em casos de traumas, como no transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), não conseguir "deixar ir" certas lembranças pode ser um peso. O esquecimento, nesse caso, age como uma forma de autocuidado, abrindo espaço para novas experiências.

Ou seja, esquecer é mais do que normal — é uma estratégia genial do nosso cérebro. Parece estranho pensar assim, mas o esquecimento é um truque evolutivo que nos permite dar atenção ao que realmente importa e deixar de lado o que poderia nos distrair.

Então, da próxima vez que esquecer onde colocou as chaves ou não lembrar o que jantou na última quinta-feira, não se culpe. O seu cérebro está apenas fazendo o trabalho dele para te ajudar a se concentrar no que importa agora.

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