Ciência
05/06/2019 às 04:01•3 min de leitura
É comum pensarmos que antissocial é aquela pessoa que, quando chega o final de semana, prefere ficar em casa fazendo maratona de séries a encontrar com a galera no barzinho novo. Pode até ser, mas o espectro antissocial em termos psiquiátricos e psicológicos vai bem além disso. Na verdade, o que você vai conhecer agora são as características do chamado Transtorno de Personalidade Antissocial.
O comportamento antissocial é, de forma simples, o que faz com que algumas pessoas se sintam diferentes ou incomodadas quando em contato com indivíduos desconhecidos, eventos sociais, multidões e afins. Quando precisam enfrentar esses tipos de interação, essas pessoas se sentem alarmadas, perseguidas, angustiadas.
Em alguns casos, o comportamento antissocial se estende para questões mais amplas, que é quando a pessoa tem muito medo de crimes, desordem pública, brigas e perturbação da ordem pública, além de sentir falta de confiança nos sistemas vigentes de segurança.
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O antissocial não é apenas uma pessoa que fica em casa mergulhada nas novidades da Netflix, mas é também aquele que acaba adotando comportamentos arriscados e revoltados, recorrendo a pichações e depredações, por exemplo. Muitas vezes, esse padrão comportamental é também caracterizado pela hostilidade em relação aos demais.
Nesse sentido, antissociais tendem a desafiar autoridades, quebrar regras e praticar atos ilegais, como assaltos, vandalismos e desacatos. Esse tipo de comportamento pode ser identificado ainda na infância, em crianças a partir dos três anos de idade. Quando não controlado, pode se agravar com o passar do tempo e se transformar em um distúrbio crônico de comportamento.
Na infância, os sinais do comportamento antissocial podem se apresentar por meio de atitudes agressivas da criança em relação a pais, irmãos, professores, colegas e outras pessoas do convívio. Crianças dissimuladas e que têm atitudes de roubo e depredação, por exemplo, podem ser antissociais. Na adolescência e na fase adulta, o comportamento antissocial também inclui o uso e o abuso de drogas e álcool, assim como a prática de direção de alto risco, por exemplo.
1 Sensação constante de incômodo
2 Prática de vandalismo
3 Uso de álcool e outras drogas
4 Danos ambientais
5 Práticas relacionadas à prostituição
6 Uso indevido de explosivos e fogos de artifícios
7 Uso imprudente de veículos
8 Hostilidade em relação aos demais
9 Necessidade de afastamento
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Em relação às diferenças de percepção de padrão antissocial em crianças, o que se sabe é que há poucos estudos feitos em meninas e muitas ocorrências em meninos pré-adolescentes, que tendem a desenvolver ações mais agressivas, tanto verbal quanto fisicamente. Nas meninas, o comportamento antissocial se manifesta em relacionamentos, quando elas agem de maneira manipuladora e nociva, sem dar muitos sinais disso.
Sabe-se também que homens desenvolvem esse tipo de comportamento mais cedo do que as mulheres. Crianças que apresentam padrão antissocial de comportamento tendem a continuar com ele na adolescência, assim como 75% dos adolescentes levam esse padrão comportamental para o início da fase adulta.
A explicação para esse tipo de comportamento pode estar dentro do ambiente familiar e educacional, que, quando apresenta agressões e violência, contribui para que a criança ou o adolescente se desenvolva com ideias inconscientes de violência e reclusão social.
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Entre os outros fatores que influenciam o desenvolvimento do comportamento antissocial, estão o temperamento da pessoa e a sua propensão à irritabilidade, assim como aspectos de capacidade cognitiva, nível de envolvimento com outras pessoas, exposição à violência e déficit de habilidade para resolver problemas.
Vale ressaltar também que o comportamento antissocial tem relação com condições como hiperatividade, depressão, déficit de aprendizagem e impulsividade. Além disso, já há indícios de que o comportamento antissocial é também uma predisposição hereditária – fatores como o uso de drogas na gestação, dificuldades no parto, baixo peso ao nascimento, danos cerebrais no pré-natal e lesões na cabeça também têm relação com o desenvolvimento do espectro antissocial.
Influências externas, como jogos e programas de TV com muita violência, podem contribuir para o desenvolvimento do comportamento antissocial, assim como o convívio com pessoas agressivas. Quando as características de violência e hostilidade começam a aparecer com frequência, é preciso buscar acompanhamento médico e terapêutico, afinal é possível tratar esses casos.
Quanto mais tempo esses padrões de comportamento predominarem, mais persistentes eles se tornarão, por isso é realmente importante buscar ajuda médica, ainda mais se for durante a infância ou a adolescência – de qualquer forma, é bom lembrar que nunca é tarde demais para procurar suporte médico e terapêutico.
Texto originalmente publicado em 19/08/2016