Ciência
03/03/2017 às 10:14•2 min de leitura
O Carnaval acabou oficialmente há 3 dias, mas muitos de vocês devem estar tirando purpurina da cara e do corpo até hoje, não é mesmo? A maquiagem colorida foi uma das maiores febres deste ano, só que a sua remoção nem sempre é tão fácil quanto gostaríamos. Mas, afinal, por que somos tão atraídos por coisas que brilham?
Uma primeira teoria poderia dizer que o brilho dos objetos remete ao luxo e à riqueza, por isso tem tantos admiradores. Mas como explicar esse fascínio quando mesmo tribos isoladas ou crianças muito jovens desfrutam do mesmo deslumbre diante de coisas reluzentes? A resposta pode estar na evolução.
Pesquisadores da área de marketing se debruçaram sobre o assunto ao notarem estudos anteriores que mostravam como bebês frequentemente lambiam objetos brilhantes apresentados a eles. Crianças com 7 a 12 meses de vida também brincavam mais com brinquedos com essa característica. Seria isso apenas “coisa de criança” ou algo mais?
Os seres humanos nascem admirando o brilho dos objetos
Animais costumam se interessar por poças de água da mesma maneira que bebês se interessam por objetos que brilham. Você consegue fazer uma analogia? A água também é brilhante e nosso apreço por esse tipo de objeto pode estar no fato de que nascemos sabendo que a água é fundamental para a vida!
Para testar essas teorias, os estudiosos de marketing fizeram uma série de experimentos. No primeiro deles, tanto adultos quanto bebês mostraram mais interesse em anúncios publicados em páginas brilhantes, ao contrário daqueles veiculados em papel fosco. Um teste cego, ou seja, com os olhos vendados, também mostrou que as pessoas preferem o material brilhante ao fosco, mesmo sem nem ver os papéis!
Claro que a questão do nosso apreço pela riqueza não pode ser totalmente descartada. No caso dos adultos, é normal eles verem o papel brilhante como superior e com maior qualidade, já que foram condicionados a entender que esse tipo de material é mais difícil de ser produzido.
Brilho da água pode estar por trás do nosso fascínio por objetos brilhantes
No teste cego, também foi solicitado que os participantes descrevessem o que estaria representado no papel que eles estavan segurando. Muitos falaram que algo relacionado a água estaria no papel brilhante, dando mais um indício de que o líquido pode estar por trás de nossa fascinação pelo brilho.
Um último experimento separou 126 voluntários em 3 grupos: o primeiro comeu bolacha e bebeu água, o segundo só comeu a bolacha e o terceiro não comeu nem bebeu nada. Depois, aos três grupos foram mostradas imagens em papel fosco e em papel brilhante. Todos os grupos preferiram o brilhante, mas o mais sedento dos três, ou seja, aquele que só comeu bolacha, foi o que mais descreveu as imagens reluzentes como atrativas.
“É humilhante reconhecer que, apesar de nossa sofisticação e progresso como espécie, ainda estamos atraídos por coisas que servem às nossas necessidades inatas – neste caso, a necessidade de água”, analisa Vanessa Patrick, da Universidade de Houston, nos EUA, que coordenou esses estudos.
Quanto maior a sede, maior a admiração por objetos brilhantes