Ciência
09/07/2015 às 09:36•4 min de leitura
Há algum tempo, nós listamos para você algumas características presentes em pessoas consideradas de sucesso. O fato é que muita gente por aí acha que, para ter sucesso, é preciso muito empenho. Não que isso não seja verdade, mas uma publicação no site de Eric Baker revelou dados descobertos por um pesquisador de Harvard que tem soluções felizes, digamos assim, para quem busca ter sucesso.
O pesquisador Shawn Achor, há anos, estuda um dos temas mais subjetivos de todos: a felicidade. O diferencial dos estudos de Achor é justamente a ideia de que sucesso não traz felicidade. O contrário, porém, é o que parece fazer mais sentido.
Para provar sua teoria, Achor estudou o comportamento e as atitudes tomadas por pessoas que se destacam em alguns aspectos, como é o caso de vendedores convincentes r estudantes que, ao contrário da maioria, têm notas superaltas. Para o autor, em vez de tratar essas exceções como uma pequena porcentagem dentro de um grande número de indivíduos, o ideal é estudar a fundo por que essas pessoas se destacam. Faz sentido, não faz?
Dessa forma, segundo Achor, é possível descobrir táticas pouco usadas e repassá-las a pessoas que querem se destacar de alguma maneira. Em suas pesquisas, ele conseguiu comprovar que é possível fazer coisas para ser mais feliz e que, como se não fosse bom o suficiente, ser mais feliz faz com que o indivíduo tenha sucesso. Confira as dicas desse cara a seguir:
Achor lembra que a maioria das pessoas costuma pensar naquilo que quer da seguinte maneira: “Serei feliz assim que conseguir ser promovida no trabalho”; “serei feliz quando emagrecer”; “serei feliz quando conseguir comprar aquele carro”. Dessa maneira, condicionamos nossa felicidade a alguns aspectos de sucesso.
As pesquisas de Achor nos mostram que, na prática, ficamos felizes, sim, quando conseguimos alcançar algum objetivo. Ainda assim, trata-se de uma felicidade curta; assim que atingimos nossa meta, achamos outra ainda maior. Não que ter metas e objetivos seja algo ruim, mas o que Achor sugere é uma inversão de valores.
Em vez de condicionar nossa felicidade a algum êxito, deveríamos ser felizes sem precisar alcançar nada para isso. Achor testou essa teoria e descobriu que pessoas otimistas e felizes tendem a ter sucesso em seus objetivos. É possível, ele explica, ter sucesso e não ter muita felicidade, no final das contas. Por outro lado, ser feliz vai ser sempre sinônimo de ter sucesso.
Ainda duvida? Pois saiba que já há casos de empregadores que contratam seus novos empregados com base no otimismo que eles demonstram ter. Em um de seus estudos, Achor descobriu que inteligência e habilidades técnicas correspondem a apenas 25% do talento de uma pessoa. Os outros 75% correspondem a otimismo, contatos sociais e a forma como o indivíduo lida com situações de stress.
Durante uma crise financeira realmente complicada, Achor estudou o comportamento e as decisões de grandes bancários norte-americanos. A maioria, como você pode imaginar, estava absolutamente nervosa e estressada. Alguns bancários, porém, demonstravam felicidade e resiliência.
Ao estudar esses poucos profissionais que estavam felizes mesmo em momentos de crise, Achor percebeu algo interessante: em vez de pensar nos problemas como ameaças e representantes de perigo, esses profissionais os encaravam como desafios e, dessa forma, não desanimavam.
Antes que você saia por aí dizendo que isso é algo que não se pode copiar, saiba que Achor descobriu que, sim, otimismo e resiliência são atitudes que podemos aprender a ter. Ao mostrar um vídeo aos bancários desanimados, explicando a importância de ver os problemas como desafios, a atitude da maioria desses profissionais mudou.
Para ter certeza de que a mudança não seria efêmera, o pesquisador acompanhou esses bancários por até seis semanas. Como resultado, ele e sua equipe perceberam que estimular a mudança desse ponto de vista conseguiu reduzir em 23% os sintomas de stress nesses profissionais. Além disso, os níveis de felicidade subiram entre essas pessoas, assim como seus resultados no trabalho foram melhores.
Ao estudar stress e felicidade, Achor analisou também o comportamento de alguns estudantes universitários obcecados em atingir as melhores notas. A maioria deles passava horas lendo na biblioteca, fazia refeições enquanto estudava e não tinha vida social, praticamente. Conseguiram as melhores notas? Não.
Na verdade, esses estudantes eram os mais propensos a surtar, pedir transferência e por aí vai. Com isso Achor levanta outra questão, ao afirmar que as pessoas que lidam melhor com o stress são também as que têm mais amigos com os quais contar em momentos de crise. E, na prática, a maioria das pessoas se isola em momentos de crise, deixa de sair, não fala com ninguém.
Além disso, Achor nos chama a atenção para o fato de que essa conexão social é importante mesmo quando não estamos em crise. Ser altruísta, ou seja, ajudar alguém sem interesse, é uma qualidade presente em pessoas de sucesso. Em grandes empresas, o pesquisador descobriu que funcionários altruístas têm 40% a mais de chances de serem promovidos em um período de dois anos.
Você provavelmente já ouviu por aí que demonstrar gratidão é um grande negócio. O que talvez você não saiba é que agradecer até pelas menores coisas é algo capaz de realmente mudar a sua vida.
Essa lógica vem do fato de que, para Achor, melhor do que depositar nossa expectativa de felicidade em alguma conquista enorme, devemos nos ater às pequenas alegrias e aos hábitos simples, como o da gratidão. Nesse caso, o conselho é direto: mandar um email ou uma mensagem de gratidão para alguém todos os dias, assim que chegar ao trabalho.
Achor fez um teste com diversos profissionais. Durante 21 dias eles deveriam enviar um email de agradecimento a alguém importante em suas vidas. Nesse curto intervalo de tempo, ficou claro que esse exercício simples melhorou significativamente as relações interpessoais desses voluntários, bem como o desempenho deles nos trabalhos em equipe.
Se você é daquelas pessoas que sabem sempre tudo o que precisam fazer para ter uma vida melhor, mas que, por algum motivo, acabam não tendo coragem de dar o primeiro passo, preste atenção. Achor sabe que a pior parte é sempre começar e, para isso, ele encontrou uma solução também.
Para ele, o ideal é garantir os primeiros 20 segundos necessários para começar uma nova tarefa. Como? Um bom exemplo é antecipar o início de uma tarefa difícil, como dormir com a camiseta ou o top de academia, deixar os tênis ao lado da cama e, dessa forma, ter menos chances de desistir de ir malhar assim que acordar.
Basicamente, a ideia é encontrar meios de facilitar o início de uma atividade. Acordar cedo no inverno, por exemplo, pode ser uma coisa ruim para a maioria das pessoas. Então, se você já deixar sua roupa separada, a tarefa pode ser menos chata.
E aí, o que você achou dessas dicas? Será que você conseguiria colocá-las em prática?