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11/08/2015 às 10:24•4 min de leitura
A modernidade tem lá as suas desvantagens, e uma delas é a síndrome de burnout, sobre a qual falaremos agora. Conhecida também como síndrome do esgotamento emocional, esse distúrbio é quase sempre provocado por questões de stress no ambiente de trabalho, quando a sobrecarga de tarefas e cobranças provoca uma pane em nosso cérebro.
Segundo o Dr. Drauzio Varella, os profissionais mais afetados são os de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que fazem dupla jornada de trabalho. Quando a pessoa tem a sensação de que vai explodir de tanto stress, quando perde o interesse em outras áreas e quando seu desempenho profissional diminui, pode ser culpa da burnout.
A Forbes publicou uma relação de sintomas que são característicos da síndrome. Confira a seguir:
A sensação de estar cansado a todo o momento é típica dessa síndrome. E é importante saber que existe a exaustão física e a mental, também. Sentir que não tem energia para nada é sempre um sinal de alerta.
Se nada da sua vida deixa você feliz, motivado, com vontade de praticar alguma atividade ou algum tipo de interação social, é bom ficar em alerta, principalmente se esse sentimento for constante. Outro sinal de falta de motivação é uma grande dificuldade para sair da cama ou para começar a trabalhar.
Quando pensamentos negativos prevalecem em sua cabeça, e você sente que o que faz não tem importância, é preciso ficar atento. Caso essa maré de pessimismo não passe, procurar ajuda médica e psicológica é fundamental.
A síndrome de burnout afeta as sinapses cerebrais, que são as conexões entre neurônios e que nos permitem realizar atividades diversas. Quando a formação dessas ligações não é feita da maneira ideal, nossas habilidades cognitivas são prejudicadas. Então, se está difícil prestar atenção, ter concentração ou manter o foco, fique atento. Essas dificuldades cognitivas atrapalham também nossa capacidade de tomar decisões, resolver problemas e se lembrar de coisas importantes.
Se há um ano você achava que estava muito melhor no trabalho, que conseguia realizar suas tarefas de um modo mais eficiente e que agora mal dá conta de fazer o mínimo, a explicação para essa queda de qualidade e produtividade pode estar na burnout. Se a sensação de descontentamento com seu próprio desempenho prevalece há muito tempo, mais preocupante ainda.
Pode acontecer de duas maneiras: ou você percebe que está brigando e discutindo de forma negativa cada vez mais com as pessoas da sua família, seus amigos e colegas de trabalho ou percebe que simplesmente está se isolando deles.
Em pessoas cuja síndrome se manifesta, é comum a falta de cuidado com o próprio corpo e com a própria saúde: beber demais, fumar, ser sedentário, comer mal e dormir pouco. São pessoas que geralmente abusam daquilo que as acalma, como o álcool, e do que acreditam que as deixa com energia, como café.
Se os seus problemas de trabalho são a sua companhia quando você chega em casa, cuidado. Gastar energia demais pensando em assuntos do trabalho é um péssimo negócio, até porque isso faz com que sua mente não se recupere do stress que você enfrentou durante o dia. Assim que sair do escritório, pare de pensar sobre ele.
A síndrome faz com que as pessoas se sintam cada vez menos satisfeitas com questões pessoais e profissionais. É comum também a sensação de que se está “preso” em determinada situação, sem forças para seguir em frente ou dar início a novas atividades.
É comum que a síndrome provoque danos físicos, principalmente quando falamos de longos períodos de stress. Nesse sentido, a pessoa acaba desenvolvendo problemas digestivos, cardíacos, depressão e ganho de peso.
Se os sintomas acima parecem uma descrição fiel da sua vida, a primeira coisa que você precisa fazer é não entrar em pânico. Da mesma forma que uma pessoa com pedra nos rins procura ajuda médica, um profissional estressado pode precisar da ajuda de um especialista.
Nesse caso, o ideal é marcar uma consulta com um psiquiatra, pois o tratamento para a burnout inclui o uso de antidepressivos e a realização de terapia.
De qualquer forma, para evitar que o problema surja, você pode tomar algumas medidas práticas que melhoram a vida de qualquer pessoa. Relaxar, por exemplo, é essencial – você pode fazer isso escutando música, meditando, lendo um livro, passeando com os amigos e fazendo coisas prazerosas.
Além do mais, é fundamental que você tenha uma vida interessante além do ambiente de trabalho. Praticar esportes, realizar trabalhos voluntários ou fazer a inscrição de uma vez por todas naquela aula de zumba que você tanto quer fazer são atividades que só fazem bem.
Ainda que estejamos cada vez mais conectados com tudo e com todo mundo, o ideal é que sua vida não gire em torno de redes sociais e que, de vez em quando, seu celular fique quietinho, de folga. Estabeleça horários para checar emails, desligue o celular quando estiver jantando, não leve tablets, computadores e afins para a sua cama.
É fundamental também que você durma tempo o suficiente para que seu cérebro tenha tempo de recuperar as energias. Já existem pesquisas que comprovam que dormir menos de seis horas por dia é um ótimo jeito de desenvolver burnout. Dormir mal deixa você cansado, diminui sua motivação e faz de você uma pessoa mais estressada – para saber quantas horas uma pessoa deve dormir por dia, com base na sua idade, clique aqui.
Pessoas em crise de burnout tendem a achar também que não terão tempo para nada e que não conseguirão realizar as tarefas que precisam. Nesse sentido, vale sempre manter um esquema de organização. Você pode fazer uma lista de tarefas, dando destaque para as suas prioridades – assim você não precisa ficar pensando em tudo o que deve fazer.
Foto: Glamour/Daniel Katz
Talvez você não tenha ouvido falar ainda sobre a história de Andrea Mota. Por muito tempo ela trabalhou como diretora-executiva d'O Boticário. À época, gerenciava uma equipe de quatro diretores, 700 funcionários e mil franqueados – fora a equipe de 25 mil trabalhadores que controlava indiretamente também.
Conforme os depoimentos dela, publicados na Revista Glamour, sua jornada chegava a 14 horas de trabalho por dia. É aquela coisa: quanto maior a responsabilidade, maior precisa ser a dedicação.
Em uma ocasião, durante as férias com a família na Bahia, Andrea achou que estava tendo um acidente vascular cerebral (AVC): tudo começou com muita dor de cabeça, confusão mental e uma indisposição que não a deixava sair da cama; depois, seus braços paralisaram. No hospital, o diagnóstico foi diferente do “derrame” que ela acreditava ser a causa de seu mal-estar. Andrea estava com a síndrome de burnout.
Alguns meses depois, ela radicalizou e decidiu pedir demissão. Hoje, a ex-executiva dedica seu tempo a procurar uma nova profissão: faz cursos de culinária, fotografia e ioga, além, é claro, de continuar o tratamento psicológico. Mulher de coragem, hein!