Artes/cultura
20/05/2011 às 08:41•2 min de leitura
Imagine-se dizendo que não quer casar ou ser mãe no tempo em que a sua avó tinha vinte e poucos anos. O escândalo em torno dessa decisão seria enorme. Em algumas famílias, até hoje se faz muito barulho pelo mesmo motivo. A média de filhos por mulher diminuiu drasticamente – de 6,1 para 1,9 nos últimos 50 anos.
A visão que a brasileira tem das suas funções sociais mudou bastante. Na última década, o percentual de mulheres sem filhos era de 10%. De acordo com o Censo realizado em 2010, o mesmo índice subiu 4% e não se tratam apenas de mulheres com problemas para engravidar ou as ditas “solteironas”.
Apesar de ter sido revolucionária durante 20 anos, a pílula anticoncepcional representa só o começo de uma mudança intensa na visão dessas mulheres sobre si mesmas. Os planos para a vida mudaram muito e a maternidade não é mais encarada como uma “obrigação”, ainda que muitas famílias ainda entendam como tal.
Muitas mulheres planejaram suas vidas sem filhos e viveram satisfeitas com as suas opções. Aquela imagem de mãe multiatarefada que cuida da casa, do marido, das crianças e ainda trabalha em uma grande empresa está prestes a tornar-se uma raridade.
Caminhos opostos
As rotinas que envolvem acordar cedo, passar oito (ou mais) horas no escritório, frequentar pós-graduações estão cada vez mais fechadas para a possibilidade de ainda acomodar uma criança nessa agenda tão apertada. Quando algumas heroínas conseguem encaixar o papel de mãe nessa loucura toda, a cobrança pela “perfeição” fica ainda maior.
Não é difícil encontrar casos em que as mulheres acabam priorizando um dos papéis. E é justamente para evitar problemas no trabalho ou a relação de “mãe relapsa” que muitas delas escolhem apenas uma dessas tarefas.
Ainda que os filhos não sejam uma opção para algumas, o casamento continua nos planos. O número de casais sem filhos, em 1999 era de 13,6%, o mesmo índice em 2007 já chegava aos 16%. Muitos preferem viajar juntos e manter um bom orçamento sem preocupações com mensalidades de colégios, pacotes de fraldas e outros gastos em função dos filhos.