Estilo de vida
30/10/2018 às 04:00•4 min de leitura
Tem sempre uma frase pronta que a gente ouve com certa frequência, não dá muita importância, mas que, no fundo, tem lá a sua verdade. Sempre fui esquentadinha e, quando alguma coisa não saía da maneira como eu queria, eu esperneava e me jogava na cama da minha mãe, como se aquilo fosse resolver alguma coisa. E aí alguém me disse uma vez que a raiva é um veneno que a gente mesmo toma esperando que faça mal para outra pessoa.
Não foi uma frase daquelas que parecem abrir um portal para o céu em conexão direta com criaturas celestiais, mas me fez pensar muito sobre raiva, ódio e tantos sentimentos ruins que, de vez em quando, tomam conta de nossas entranhas e nos fazem mal. Ainda hoje, quando sinto raiva, sinto também uma espécie impotência, afinal geralmente me enraivece aquilo que não posso resolver. O Huffington Post publicou uma série de atitudes que podem nos ajudar a acabar com a raiva rapidinho – vou tentar todas elas. Tente você também:
Não me interpretem errado, mas, às vezes, depois de uma crise de raiva e ódio e depois de socar pobres travesseiros inocentes e nocautear cobertores dobrados, sentimos alívio. Isso acontece porque, assim como qualquer outro sentimento, a raiva e o ódio se manifestam através do nosso corpo por meio de energia, de descargas elétricas.
Quando estamos furiosos, nossos músculos ficam mais tensos e nossa mente só pensa em brigar, em gritar, em nocautear a primeira pessoa que passar pela frente e por aí vai. Evitar discutir e tomar decisões importantes durante momentos de raiva é crucial, e uma das formas de voltar ao seu estado normal é se mexer um pouco.
Se a questão é algum problema com a academia em si – completamente compreensível, não se culpe –, busque outras maneiras de se movimentar: caminhe, compre uma bike, limpe sua casa, faça aulas de dança. Exercitar-se é importante porque, dessa forma, seu corpo libera hormônios capazes de deixar você feliz da vida, o que acaba com aquela raiva toda rapidinho.
Movimente-se!
Até o padre Fábio de Melo, que entende profundamente das questões humanas além ainda da religiosidade, sente raiva de vez em quando, então você, mero mortal, tem todo o direito de sentir também. A questão não é sentir, mas sim o que você faz com essa raiva toda. Eu, quando era criança, me jogava na cama e ficava esfregando a cabeça contra o colchão, como se isso fosse capaz de, de repente, trazer a Xuxa para minha casa em sua saudosa nave. Na verdade, depois de tanto chororô, eu cansava, levantava e ia fazer alguma coisa.
Em perspectivas mais adultas e realistas, devemos pensar no ódio como um potencial fator de mudança. O ódio não nos deixa acomodados, e detestar do fundo da sua alma alguma coisa em sua vida faz com que você acabe resolvendo o problema, mais cedo ou mais tarde. Se você odeia o curso que faz na faculdade ou o seu emprego, por exemplo, use esse ódio para pensar em como mudar a situação. Ódio incomoda, e às vezes é de incômodo que a gente precisa para sair da mesmice.
Você consegue!
Hoje estou realmente usando minha vida como experiência, e essa é uma das coisas que mais amo no meu trabalho, inclusive. No meu caso, rir é fundamental, e eu tenho a sorte de ter alguns amigos que me fazem rir e com quem posso conversar sobre qualquer besteira. Às vezes é disso que a gente precisa mesmo: falar mais bobagens, fazer uma maratona de Friends, ler uma série de crônicas do Mario Prata. Vale tudo.
Rir relaxa o corpo e, ainda por cima, é algo que melhora nosso sistema imunológico e libera endorfina, que é uma substância maravilhosa que nos dá a sensação de bem-estar. Se a sua praia é mais musical, aposte em estilos mais animadinhos. Pode ser Diogo Nogueira, Anitta, Avicii, Xuxa (sim, segunda citação da Rainha dos Baixinhos no mesmo texto, mas Xuxa é muito bom), Naldo... Pode ser o que você quiser.
É aquela coisa: rir é o melhor remédio.
Você faz um trabalho, qualquer que seja ele, e dez pessoas vão elogiar o resultado, vão dizer que foi bem executado, que você merece um Oscar, um Grammy e um Nobel, mas, de repente, uma pessoa surge e fala que achou seu trabalho ruim.
À noite, quando sua cabeça deita no travesseiro, você vai pensar no quê: nos elogios de várias pessoas ou na crítica de apenas uma delas? Na crítica, se você for como a maioria dos humanos. Aí o jeito é fazer um exercício mental inicialmente complicado, mas promissor em longo prazo: mudar o foco e, basicamente, parar de ver aquilo que está irritando você. Em vez disso, enxergue as coisas boas na sua vida – pelo menos uma tem que ter.
Faça uma lista das coisas de mais legais que já aconteceram com você e escreva todas as suas conquistas, as grandes, as médias e as pequenas, por exemplo quando você quebrou um ovo sem furar a gema e enchê-la de micropedacinhos de casca. Focar em conquistas e em eventos positivos vai fazer com que sua raiva vá embora fácil, fácil.
Veja as coisas de outra maneira.
Eu tenho raiva quando me mandam meditar, e o pior de tudo é que não apenas as pessoas me falam para meditar como eu sou uma pessoa que escreve a respeito dos benefícios da meditação com frequência. Acontece que, de tanto ler, escrever e ouvir sobre o assunto, acabei dando uma chance à dita cuja, e olha... funciona.
A base prática da meditação é basicamente fechar os olhos, sentar-se confortavelmente em um ambiente tranquilo e prestar atenção apenas no ar que entra e sai dos pulmões. Dessa forma, os pensamentos se acalmam e, claro, a raiva e a vontade de explodir o mundo vão deixando o corpo ao qual não pertencem. Meditar é quase como resetar a mente. Vale a pena de vez em quando.
É possível!
Aqui o negócio funciona de maneira parecida com os exercícios. É uma questão de canalizar energias em algo positivo. Pode ser arrumar seu armário de livros, fazer algum trabalho de jardinagem, limpar a caixa de maquiagens, arrumar os armários da cozinha...
Lembre-se sempre de que raiva é um tipo de energia, então é só você aplicar essa energia em algo que traga algo positivo, e não em uma discussão ou em uma briga mais séria.
Quem nunca?
Essa eu sei que funciona – cof, cof. A verdade é que escrever é um exercício realmente terapêutico que nos ajuda a colocar para fora sentimentos e pensamentos que, às vezes, nem sabíamos que estavam dentro de nós.
Tenha um caderninho e escreva tudo o que vier à mente. Não precisa se preocupar, você não vai mostrar isso para ninguém, não vai publicar no Facebook nem no Twitter – a não ser que queira, mas estamos falando de coisas mais profundas mesmo, que não divulgamos assim tão facilmente.
Fazer isso vai ajudar você a limpar sua mente e acalmar os ânimos sem precisar descontar sua raivinha em alguém. Depois de escrever tudo no papelzinho, arranque a folha do caderninho e coloque fogo nela – com segurança, por favor – ou a rasgue em pedacinhos minúsculos. Essa é uma forma simbólica de picotear a raiva.
Escrever é terapêutico!
*Publicado em 15/7/2017