Artes/cultura
01/07/2016 às 06:20•2 min de leitura
Na escola e na infância, de um modo geral, ou você faz bullying ou sofre, e geralmente quem não tem o costume de provocar os outros acaba se perguntando por que é que tem tanta gente por aí que parece simplesmente gostar de fazer mal e de agir com agressividade.
Uma nova pesquisa sobre o assunto buscou relacionar o comportamento de quem pratica bullying com a área de recompensa do cérebro, que é a mesma ativada quando fazemos algo que consideramos muito bom e que nos dá prazer, como comer chocolate ou beber uma taça de vinho em um dia frio.
Durante o estudo, os pesquisadores manipularam essa região cerebral, de modo que a vontade de praticar bullying fosse ou incentivada ou reduzida. A ideia por trás de tudo isso é basicamente entender como crianças podem praticar atos de crueldade – até o momento, entre as teses que explicam a prática de bullying na infância, estão violência doméstica, abusos, baixa autoestima e escape para a raiva interior.
Falando em sadismo...
As novas descobertas sugerem, no entanto, que crianças que praticam bullying realmente têm um lado sádico, que as dá prazer na medida em que percebem o sofrimento alheio. Em um estudo comparativo, os pesquisadores analisaram as atividades cerebrais de ratos que se comportavam com agressividade com ratos mais jovens.
O que se descobriu com relação aos ratinhos foi que aqueles mais agressivos foram os que sentiam satisfação física após agredir os mais jovens. Para o responsável pelo estudo, Scott Russo, essa pesquisa é fundamental por ser a primeira a conseguir realmente comprovar que o comportamento agressivo ativa a área cerebral ligada ao sistema de recompensa, que nos dá prazer.
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Em testes complementares, ficou provado também que é possível alterar as atividades cerebrais, de modo que o indivíduo diminua seu comportamento agressivo. Isso foi possível porque foi descoberto que a prática do bullying é associada, em termos neuronais, a atividades intensas de neurônios da região basal do cérebro, que liberam uma substância conhecida como GABA.
A alteração artificial desses neurônios, no caso dos ratos, mostrou resultados práticos, uma vez que os animais deixaram de se comportar de forma violenta e passaram a agir de modo mais dócil, inclusive.
Vale sempre lembrar que, embora esse tipo de pesquisa descubra que o cérebro de agressores trabalha de modo diferente, a agressão em si não pode nem deve ser justificada tão facilmente, muito menos com a desculpa de que “foi por instinto”. Defecar também é um instinto, e, se nos controlamos bem nesse sentido, podemos nos controlar nos outros também.