Lagerfeld critica presidente francês por aumento de impostos

22/10/2012 às 16:302 min de leitura

undefinedKarl ao fim do desfile de verão 2013 da Chanel. Fonte: Getty Images

(Reuters) - O estilista Karl Lagerfeld acusou o presidente francês, François Hollande, de destruir a economia da França ao impor impostos dolorosos sobre os ricos, chamando o líder socialista de "idiota".

O diretor criativo da grife francesa Chanel, cujos clientes são em grande parte os ricos que serão os mais atingidos pelo aumento de impostos de Hollande, comparou o presidente ao ex-primeiro-ministro socialista espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.

"Esse idiota vai ser tão desastroso quanto Zapatero foi", disse Lagerfeld em entrevista à edição espanhola da revista de moda Marie Claire, publicada nesta sexta-feira.

Líderes empresariais também criticaram os aumentos de impostos que Hollande está impondo sobre as empresas e os ricos na tentativa de reduzir o grande déficit público da França.

Funcionários do palácio presidencial não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto.

Hollande tem o objetivo de evitar o aumento da carga fiscal já pesada sobre as famílias de baixa e média renda em seu orçamento de 2013, mas mesmo assim está vendo seus índices de aprovação caírem para níveis tão baixos quanto 41 por cento, de acima de 60 por cento quando foi eleito, em maio, substituindo o conservador Nicolas Sarkozy.

Lagerfeld, conhecido por comentários excêntricos e looks não convencionais, e queridinho das fashionistas ricas que compram as criações caras da Chanel, disse que os ricos estavam sendo isolados por Hollande, que estabeleceu um imposto de renda de 75 por cento sobre quem tem um rendimento anual de pelo menos um milhão de euros (1,31 milhão de dólares).

"É um desastre. Ele quer punir (os ricos) e, claro, eles saem e ninguém investe", declarou ele. "Os estrangeiros não querem investir na França e isso simplesmente não vai funcionar."

Lobbies empresariais dizem que, em vez de aumentar os impostos, o governo deve aliviar os encargos trabalhistas pesados que limitam a competitividade das empresas francesas e contribuem para um aumento da taxa de desemprego acima dos 10 por cento.

O governo argumenta que pretende procurar formas de aumentar a competitividade, mas descartou a possibilidade dos cortes radicais nos encargos trabalhistas que os líderes empresariais estão pedindo.

Lagerfeld, estilista alemão de cabelos brancos raramente visto sem os óculos escuros, gola alta e luvas, comentou que a maioria dos produtos franceses eram ignorados pelo público.

"Tirando moda, joias, perfumes e vinho, a França não é competitiva", disse Lagerfeld. "O resto dos nossos produtos não vendem. Quem compra carros franceses? Eu não."

Em fevereiro, Lagerfeld opinou sobre a corrida eleitoral entre Hollande e Sarkozy, dizendo que estava entediado com isso e já não acreditava em política. "Eu acho que os países devem ser comandados como as grandes empresas", afirmou.

Hollande está sob pressão para mostrar que a França tem o rigor fiscal necessário para ajudar a zona do euro a sair da crise da dívida soberana de três anos, enquanto tenta cumprir as promessas eleitorais de combate ao desemprego, que deve aumentar ainda mais com uma série de demissões do setor industrial.

(Reportagem de Alexandria Sage e Paul Day)

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