Ciência
05/12/2022 às 05:40•3 min de leitura
O ouro em forma de folhas, flocos e pó comestível tem sido bastante utilizado para dar um toque luxuoso em refeições, doces e sobremesas. Essa tendência é tão extravagante que alguns dos pratos ornamentados com esse mimo podem chegar a custar US$ 25 mil, cerca de R$ 130 mil. Esse, aliás, é o preço da sobremesa mais cara do mundo, encontrada no restaurante Serendipity, em Nova York. A delícia, chamada "Frozen Haute Chocolate", leva 28 tipos de cacau, procedentes de 14 países, e cinco gramas de ouro comestível de 23 quilates.
No mesmo restaurante, você pode encontrar o sorvete que também leva ouro na receita, com um precinho mais acessível, mas não menos exorbitante. Por US$ 1 mil você pode apreciar o sundae mais caro do mundo, feito com sorvete de baunilha do Taiti e diversas coberturas de procedências raras, decorado com folhas de ouro comestível, também de 23 quilates.
Já existem também champanhes e licores com ouro, pizza com folha de ouro, cappuccino, trufas, chocolates, caviar e até pratos com ostras salpicadas com o ingrediente. Mas o que vem causando mais polêmica é o churrasco dourado que fez sucesso com jogadores de futebol.
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A questão voltou aos holofotes durante a Copa do Mundo da FIFA de 2022, no Catar, quando jogadores da Seleção Brasileira e de outras nacionalidades foram vistos experimentando carnes cobertas de ouro feitas pelas mãos do famoso chef turco Nusret Gokçe, conhecido como Salt Bae após viralizar na internet com seus trejeitos ao salgar seus bifes caríssimos.
O ex-jogador Ronaldo Fenômeno foi um dos que participaram da extravagância e recebeu críticas. Ao ser questionado, o jogador rebateu: "Se comeu a carne folheada a ouro, problema do cara. Não tem nada de errado, inclusive pode ser inspirador para outras pessoas. Tem coisas que é melhor a gente ignorar completamente".
As folhas de ouro comestíveis são produzidas em câmara de vácuo, com o metal realmente puro. Há também a forma de flocos, pó e até spray para enfeitar carnes, sushis, bebidas diversas e, principalmente, sobremesas, como biscoitos, chocolates e sorvetes. Porém, o preço não é nada doce — você pode encontrar um conjunto de 10 finas folhas de ouro comestível, de 80 mm por 80 mm, por US$ 25, cerca de R$ 130.
As folhas são geralmente compostas de puro ouro 24 quilates, mas em alguns casos, uma minúscula parte de prata também faz parte dessa composição. Todo o material é derretido e, posteriormente, batido até se tornar uma folha finíssima de ouro da espessura de um delicado papel de arroz. A partir daí ele pode ser comercializado nesse próprio formato ou ser "moído" no formato de flocos ou pó.
Quando "limpo", ou seja, acima dos 22 quilates de pureza, o ouro é totalmente inofensivo para o nosso organismo quando consumido, pois não pode ser absorvido pelo nosso corpo. Ouro abaixo desse nível pode ser danoso por conter impurezas na forma de outros metais que podem afetar negativamente nossa saúde.
Da mesma forma, não existem provas concretas que o ouro possa ter alguma função positiva em nossa saúde, mesmo porque, quando ingerido, é em quantidades pequenas, mesmo para quem tem muito dinheiro para gastar. Havendo a certeza de que o metal é do tipo comestível, não existe preocupação nenhuma em seu consumo em relação à saúde — só vai doer é no bolso mesmo.
Em relação ao sabor, não se anime porque não muda absolutamente nada: o ouro não tem nenhum sabor perceptível na comida, seja ela doce, seja salgada. Ou seja, essa história toda é unicamente por ostentação mesmo.
O consumo de ouro na alimentação é uma prática que remonta a milhares de anos. Faraós egípcios acreditavam que comer o metal era uma maneira de agradar os deuses. Eles também consideravam que o ouro tinha propriedades restauradoras para curar o corpo e dar uma aparência mais jovem para quem o consumisse, além de aumentar a vitalidade e, claro, esbanjar sua riqueza.
Já na Europa, o ouro era considerado um ingrediente importante na medicina até o século XV. Nessa mesma época e até um pouco posteriormente, o metal era usado em banquetes reais como sinal da opulência dos monarcas.